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Título do Estadual de 1982 completa 35 anos; Lateral Sérgio Moura relembra conquista
Um dos títulos mais marcantes da história do Atlético Paranaense completa 35 anos. No dia 31 de outubro de 1982, o Furacão voltou a conquistar o Campeonato Estadual após um jejum de quase 12 anos. Um troféu levantado após uma campanha praticamente perfeita, por um timaço que se consagraria a nível nacional no ano seguinte.
Para relembrar essa importante conquista, o Site Oficial encontrou o ex-lateral Sérgio Moura, um dos destaques daquele time. Hoje professor da Escola Furacão de Pinhais, ele não esquece dos detalhes daquela jornada, que terminou com uma das maiores festas já realizadas pela torcida rubro-negra.
Timaço em formação
O lateral-esquerdo Sérgio Moura chegou ao Atlético Paranaense no começo de 1982. “Era um clube precário, com muitas dificuldades. E existia uma cobrança muito grande da torcida pelo fato do Clube não ser campeão há muitos anos”, recorda.
Para montar a equipe, o Clube apostou em alguns talentos das temporadas anteriores, como o goleiro Roberto e o atacante Nivaldo, e mais uma série de reforços, como o próprio Sérgio Moura, os volantes Detti e Jorge Luiz, o meia Capitão e uma dupla de ataque até então desconhecida e recebida com desconfiança: Assis e Washington.
“Vieram jogadores de todos os lados, vários desconhecidos no futebol paranaense. Mas conseguimos juntar atletas que queriam ser vencedores e encontraram essa porta no Atlético”, diz Sérgio Moura. “Washington e Assis vieram do Internacional desconhecidos. Saiu em um jornal uma foto deles com um 'X' sobre seus rostos, dizendo que eram jogadores preteridos pelo Inter. Mas quando chegaram no Atlético, formou-se uma família. Eles foram acolhidos também e fizeram parte desse grande time”, completa.
Campanha arrasadora
Segundo Sérgio Moura, quando a temporada começou, o time logo percebeu que tinha potencial para brigar pelo título. “A gente esperava, pelo rendimento nos treinamentos, que esse time pudesse render o máximo. Na época, eram jogados três turnos. Nós fomos campeões do primeiro turno e já tínhamos um lugar garantido na decisão”, destaca.
A conquista do primeiro turno veio de forma invicta, mas o Atlético Paranaense não se conformaria com a vaga antecipada em uma eventual final. Veio o segundo turno e o Furacão repetiu a dose, terminando à frente de todos os adversários sem perder uma partida sequer. No total, foram 26 partidas de invencibilidade.
Mas para garantir o título antecipado, ainda era necessário vencer a terceira fase. “Na época, a imprensa reclamava porque se o Atlético ganhasse de novo não haveria uma grande decisão. Seríamos campeões direto. E foi o que aconteceu”, diz Sérgio Moura.
Em todo o campeonato, o Rubro-Negro disputou 39 jogos e perdeu apenas dois, para Paranavaí e Londrina. Foram 70 gols marcados e apenas 25 sofridos. Muitas das bolas que acabaram nas redes saíram dos pés de Sérgio Moura.
“A imprensa fez uma estatística mostrando que dos 22 gols do Washington naquele campeonato, 12 saíram de cruzamentos meus. Era um fundamento que eu treinava muito. Eu já sabia onde ele estaria dentro da área. Ele só falava assim: ‘Joga a bola em tal lugar que eu chego nela. Não precisa jogar em cima de mim. Faz ela viajar que eu vou chegar na bola’. E era fatal. Quando a gente chegava na linha de fundo a torcida já levantava, porque sabia que era 'meio gol'. Se chegasse no Washington ou no Assis era rede, porque cabeceavam muito bem”, ressalta.
Festa inesquecível
O jogo que garantiu o troféu foi contra o Colorado, pelo quadrangular final do terceiro turno. Em um Couto Pereira tomado pela torcida atleticana, a confiança no título era total. Ainda mais quando Lino, aos 15 minutos do primeiro tempo, abriu o placar para o Furacão.
Mas como nenhuma conquista vem sem alguma dose de sofrimento, o Colorado conseguiu o empate aos 41’ da primeira etapa. “Lembro como se fosse hoje. No intervalo, nós estávamos no túnel do vestiário e o Washington falou: ‘Gente, não tem nada perdido. Só joga a bola em mim’. E nesse jogo ele fez dois. Até me emociono em falar, porque é uma lembrança de amigos que não voltam mais”, conta Sérgio Moura.
Além de Washington, Nivaldo também marcou o seu e o jogo terminou com uma goleada de 4 a 1 para o Furacão. O desfecho ideal para uma campanha histórica e o início de uma festa que a torcida atleticana esperava há 12 anos.
“Para nós, foi uma surpresa. Quando entramos no caminhão dos bombeiros, ainda no Couto Pereira, a meta era chegar na Baixada. Mas a gente não sabia a proporção que seria ao chegar à Praça do Atlético. Tivemos que saltar antes porque o carro não conseguia chegar mais perto. Fomos carregados nas costas pelos torcedores até o antigo ginásio, onde a recepção estava formada para celebrar essa conquista tão esperada”, lembra Sérgio Moura.
Identificação
No ano seguinte, aquele mesmo time foi a sensação do Campeonato Brasileiro, chegando à terceira posição. Sérgio Moura ainda participaria de mais duas conquistas: os Estaduais de 1983 e 1985. E depois que encerrou a carreira, o ex-lateral trabalhou na Formação do Furacão.
Hoje, Sérgio Moura é professor da Escola Furacão de Pinhais. “É um prazer enorme estar aqui na escola, voltando a vestir mais uma vez o uniforme do Atlético Paranaense. É um orgulho muito grande que eu tenho. Foi a minha casa e é até hoje. Meu objetivo é plantar algo a mais e revelar jogadores que possam ter uma indicação minha. É algo que eu almejo a cada dia que passa. Minha parcela de contribuição ao Atlético não terminou ainda”, garante.
Na história: Atlético Paranaense 4×1 Colorado
Campeonato Paranaense 1982:Terceiro turno – quadrangular final
Data: 31/10/1982
Local: Estádio Couto Pereira, em Curitiba (PR)
Árbitro: Bráulio Zanotto
Assistentes: Edson Romeiro e João Gimenes
Público: 37.328
Atlético Paranaense: Roberto; Ariovaldo, Jair Gonçalves, Bianchi e Sérgio Moura; Jorge Luiz (Detti), Lino e Capitão; Nivaldo, Assis e Washington.
Técnico: Geraldo Damasceno
Gols: Lino, aos 15’ do 1º tempo. Washington, aos 3’; Nivaldo, aos 10’, e Washington, aos 41’ do 2º tempo
Cartão vermelho: Lino
Colorado: Joel Mendes; Jorge, Marcos Paulo, Caxias e Miro Oliveira; Nilson, Castor (César) e Júlio César; Marinho, Freitas e Aladim.
Técnico: Avelino de Souza Abreu
Gol: Castor, aos 41’ do 1º tempo
Cartões vermelhos: Nilton e Caxias