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Diário de bordo: Montevidéu rubro-negra e o voleio abençoado

Créditos: Cahuê Miranda/athletico.com.br

Sábado, 20 de novembro de 2021

Foi uma longa noite. As estradas do Rio Grande do Sul pareciam não ter fim. Depois, a sempre tensa passagem pela aduana. E muito mais chão pelo interior do Uruguai. Todos estão exaustos. Poucos conseguem relaxar a ponto de dormir.

O que não valeria a pena para estar ao lado do Athletico nessa final? As horas dentro do ônibus, as revistas da Brigada Militar gaúcha, o pente fino da Policia Nacional uruguaia. Mais horas dentro do ônibus…

O dia amanhece nos explicando na prática os símbolos da bandeira charrúa. O sol brilhando forte sobre um azul mais vívido que a Celeste Olímpica. Em breve, tudo seria pintado de vermelho e preto.

A visão das ruas de Montevidéu através das janelas não marca o fim da saga. O desembarque nos mostra a cidade em um dia diferente. Nada do amarelo e ouro do Peñarol. Nem sinal das três cores do Nacional. Pelas calles, avenidas e ramblas, era o rubro-negro que já predominava.

Mas ainda faltava uma parte da saga antes de ir ao Centenário: a imensa e demorada fila em busca dos ingressos.

Só com os bilhetes na mão foi possível conhecer um pouco da capital uruguaia. E aquela caminhada pela cidade tomada pelos athleticanos foi um momento mágico. Tínhamos viajado mais de 1.500 quilômetros, mas parecia que estávamos na Buenos Aires ou na Brasílio Itiberê.

As arquibancadas do mítico Centenário nos receberam escaldadas pelo sol e pelo calor. A distância para campo nos fazia relembrar os tempos do Pinheirão. O cansaço batia forte.

Até que veio aquele voleio abençoado de Nikão. As horas de estrada, de fila, de tensão, de nervosismo… Tudo ficou para trás, tudo foi esquecido. De Curitiba a Montevidéu, nada mais importava. Só aquele voleio abençoado de Nikão.

Ainda faltava mais de uma hora de jogo. O time teria que derramar muito suor no gramado e colocar muita raça e coração na chuteira. Mas nada iria mudar o destino traçado por aquele abençoado voleio de Nikão.

Já consagrados, os jogadores correm em nossa direção. O que simboliza aquele troféu? Para nosso clube, são tantos os significados… Para nós, também é o símbolo definitivo de que tudo vale a pena para viver esses momentos ao lado do Furacão.

“Significou muita vontade, muita garra. Saber que a gente pode acreditar em um time, em uma instituição em que os jogadores jogam por amor à camisa. Que nós temos um grupo que organizou essa viagem que é formado por amigos e famílias. Todos apaixonados pelo Athletico. Quando a gente fez aquela oração, eu senti que Deus estava com a gente e ele nos enviou essa taça de novo. Uma conquista gigante. Somos um clube que está crescendo passo a passo. Ainda vamos chegar em mais uma final de Libertadores, a um Mundial”, diz Levi Vieira Junior, o Alemão.

A comemoração pelas ruas é curta. A apressada polícia uruguaia manda todos de volta para o ônibus e para o longo caminho de regresso. Nossa festa continua até de madrugada. Mas hoje será possível dormir. E sonhar com aquele voleio abençoado de Nikão.

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