Clube
Temporada 2015: Trabalho transdisciplinar na prevenção de lesões diminui riscos dos atletas do clube
Prevenir é melhor do que remediar. O ditado tão conhecido é encarado com muita seriedade no Atlético Paranaense. Com um trabalho transdisciplinar, o Furacão realiza um projeto amplo de prevenção de lesões, reforçando a filosofia de vanguarda e busca incessante pela excelência em todas as áreas. Com atividades específicas e individualizadas, a equipe científica rubro-negra estuda cada movimento dos atletas atleticanos e busca diminuir o risco de lesões.
A mentalidade meramente curativa foi aperfeiçoada e a meta no CAT Alfredo Gottardi é também a prevenção das lesões. A filosofia deu certo. O Furacão conseguiu diminuir drasticamente o número de lesões musculares (a de maior incidência no esporte) e o tempo de afastamento dos atletas. Durante a temporada 2015, o elenco principal do Furacão disputou 69 partidas e teve 17 lesões musculares, sendo que apenas 4 dessas representaram uma lesão mais grave (baseado no Consenso de Munique¹). Consequentemente, o tempo no Departamento Médico foi mais curto, com uma média de 14 dias por lesão.
Mas o bom desempenho não foi por acaso. O trabalho, que engloba diversos departamentos do Rubro-Negro, inclui testes de análise do movimento [como o FMS], avaliações específicas dos déficits biomecânicos, treinamentos individualizados, reuniões, diversas análises pré e pós-jogo, além de outros pontos importantes para não expor os jogadores ao risco físico. Apenas neste ano, o elenco atleticano foi submetido a 66 sessões de treinos preventivos.
Com o trabalho de FMS, os riscos de lesões foram reduzidos drasticamente. Em junho, apenas 6% do grupo principal do Furacão estava com baixo risco de lesão. Enquanto 29% foi classificado com médio risco e 65% alto risco. Em novembro, os números foram para 33% com baixo risco, 50% médio risco e 27% alto risco.
O trabalho, que envolve a preparação física, fisiologia, fisioterapia, nutrição e outras áreas do clube, leva em conta ainda sete variáveis que identificam o nível de desgaste do atleta. Em uma sequência de jogos grande, como ocorre no calendário brasileiro, o Rubro-Negro consegue detectar o risco de lesão muscular de cada atleta.
Retorno
Além da diminuição no número de lesões, o staff atleticano pôde identificar também uma reincidência menor nas lesões musculares, apenas duas ao decorrer de todo o ano. Isto porque o clube prioriza o retorno dos atletas de forma rápida e segura. Pensando nisso, os jogadores passam por uma avaliação mais criteriosa na hora de receber alta. Atletas que antes sofriam com a mesma dor durante todo o ano, tiveram uma diminuição nestes casos. A conscientização dos jogadores também foi importante no processo, fazendo com que os mesmos entendessem melhor seus movimentos e suas necessidades.
Outro ponto importante é fazer com que o jogador volte às atividades normais já com um nível de performance alto. Neste processo, os atletas iniciam a parte de recondicionamento em paralelo ao processo de reabilitação, em um trabalho interdisciplinar muito bem desenhado, com intuito de fazer com que o jogador retorne bem fisicamente e com mais confiança. Um exemplo claro disto é zagueiro Cleberson. Após ficar sete meses afastado dos gramados, devido a uma lesão no joelho, o jogador retornou como titular. Além das boas atuações, marcou três gols em quatro jogos.
Exos
Neste ano, o time científico atleticano ganhou também um parceiro essencial. A empresa norte-americana EXOS, referência mundial em performance de atletas, auxilia no treinamento rubro-negro e no estudo dos movimentos dos jogadores. Com trabalhos de grande expressão, como o realizado com a Seleção Alemã de futebol, a EXOS atua com o objetivo de otimizar a performance dos atletas, desde as Categorias de Formação até o elenco principal.
No CAT Alfredo Gottardi, a EXOS trabalha em quatro pilares: Mentalidade, Nutrição, Movimento e Recuperação. Além da Alemanha, a empresa esteve com os últimos quatro campeões da Major League Soccer dos Estados Unidos [incluindo apoio a atletas como David Beckham, Landon Donavan e Robbie Keane]. Também teve parcerias com o Everton, da Inglaterra, e o Galatasaray, da Turquia.
1- Mueller-Wohlfahrt et al. 2012 / Consenso de Munique