O Estado do Paraná nunca havia visto uma festa como aquela! No dia 13 de setembro de 1970, a alegria subiu a Serra do Mar para inundar Curitiba, extravasando um sentimento represado por mais de uma década: o Athletico era novamente campeão.
O título do Campeonato Paranaense daquele ano é um capítulo especial da história do Furacão. Um troféu conquistado com muita raça e por um time que contava com ídolos que se tornam verdadeiros símbolos rubro-negros.
O gigante Djalma Santos, aos 41 anos. O eterno Nilson Borges. O implacável artilheiro Sicupira. E ainda Alfredo, Julio, Liminha, Amauri, Charrão… Nomes que até hoje estão na lembrança dos athleticanos que viveram ou ouviram falar daquela conquista.
Para entender por que aquele título estadual foi tão comemorado, é preciso relembrar o contexto da época. Já fazia 12 anos que o Athletico não era campeão. Nesse período, o clube foi ao fundo do poço, ressurgiu com força total e viveu um grande trauma.
A montagem de um grande esquadrão e a perda do título em 1968, além da morte do presidente Jofre Cabral, ainda eram recordações recentes. E a campanha rubro-negra teve a disputa ponto a ponto com o Coritiba, um rival então poderoso técnica e financeiramente.
Nas palavras do presidente Rubens Passerino Moura, foi “a vitória do tostão contra o milhão”. Um triunfo com a cara do Furacão, fazendo renascer a mística do Time da Raça.
A disputa do jogo que definiu o campeonato foi em Paranaguá. Uma vitória de 4 a 1 sobre o Seleto, em um estádio que era a casa do adversário, mas que foi completamente tomado pela eufórica torcida rubro-negra.
Em campo, Nilson Borges, Nelsinho, Toninho e Liminha marcaram os gols que fizeram do Athletico novamente o melhor time do Estado. E que deram o início da comemoração que começou no Litoral e tomou conta da noite e da madrugada curitibana.
A CAMPANHA
36 jogos
18 vitórias
8 derrotas
10 empates
61 gols marcados
37 gols sofridos
Primeiro turno
– 01/02: Athletico 0x2 União Bandeirante
– 08/02: Londrina 2x1 Athletico
– 15/02: Seleto 2x1 Athletico
– 21/02: Athletico 6x2 Cianorte
– 01/03: Athletico 1x0 Coritiba
– 08/03: Grêmio Oeste 0x0 Athletico
– 14/03: Água Verde 3x3 Athletico
– 21/03: Athletico 6x0 Jandaia
– 29/03: Apucarana 1x2 Athletico
– 12/04: Athletico 0x0 Operário
– 15/04: Ferroviário 2x0 Athletico
– 21/04: Paranavaí 1x0 Athletico
– 25/04: Athletico 1x4 Grêmio Maringá
Segundo turno
– 03/05: União Bandeirante 1x1 Athletico
– 10/05: Athletico 2x1 Londrina
– 17/05: Athletico 1x0 Seleto
– 24/05: Cianorte 1x4 Athletico
– 31/05: Coriitba 2x2 Athletico
– 07/06: Athletico 1x1 Grêmio Oeste
– 13/06: Athletico 3x1 Água Verde
– 21/06: Jandaia 1x2 Athletico
– 28/06: Athletico 3x0 Apucarana
– 05/07: Athletico 1x1 Ferroviário
– 12/07: Operário 1x3 Athletico
– 19/07: Athletico 3x1 Paranavaí
– 26/07: Grêmio Maringá 3x1 Athletico
Fase final
Primeiro turno
– 02/08: Grêmio Oeste 0x0 Athletico
– 09/08: Athletico 1x0 Grêmio Maringá
– 16/08: União Bandeirante 0x1 Athletico
– 23/08: Athletico 0x1 Coritiba
– 26/08: Athletico 2x0 Seleto
Segundo turno
– 30/08: Athletico 2x0 Grêmio Oeste
– 02/09: Grêmio Maringá 1x1 Athletico
– 06/09: Coritiba 0x0 Athletico
– 06/09: Athletico 2x1 União Bandeirante
– 13/09: Seleto 1x4 Athletico
ELENCO CAMPEÃO
Goleiros
– Wanderlei
– Lourival
– Benício
– Zé Augusto
– Valdomiro
Zagueiros
– Alfredo
– Zico
– Charrão
– Zé Mario
– Reinaldo
Laterais
– Djalma Santos
– Julio
– Amauri
– Cláudio
Meias
– Miltinho
– Ferrinho
– Nair
– Nilo
– Nayo
– Serginho
– Juarez
Atacantes
– Toninho
– Darci
– Moreira
– Liminha
– Nelsinho
– Sicupira
– Gildo
– Nilson Borges
– Zezé
– Dorval
Ninguém imaginava que aquele apito inicial no dia 5 de novembro de 1978 seria o começo de uma história que ficaria para sempre na memória da torcida rubro-negra.
O jogo era contra o Colorado, em pleno Estádio Joaquim Américo, e o placar já mostrava 4x0 para os visitantes. A tragédia em casa era tão eminente que os torcedores rubro-negros nem se deram ao trabalho de esperar o apito final e começaram, já aos 25’ da segunda etapa, a abandonar o estádio.
O que ninguém esperava era que um herói pouco provável mudaria os rumos do jogo e entraria para a história. Aos 30 minutos, Ziquita fez o que parecia ser o gol de honra. Mas não era.
Quatro minutos depois, Ziquita balançou a rede pela segunda vez. Os gritos da torcida, que a essa altura já esquecia a derrota, fez com que alguns torcedores voltassem para a festa que se iniciava.
E Ziquita queria mais. Bola roubada na saída, contra-ataque, Ziquita, gol! Como disse um bom torcedor: “perder assim, valia a pena”!
Mas Ziquita não queria perder, não no dia que se consagraria herói. E assim, inspirado, empolgado, empurrado pela torcida, foi lá e guardou o quarto gol. E a lenda só não é maior porque o travessão parou sua cabeçada no último lance da partida. Final: 4x4 e um novo ídolo na Baixada.
Azar de quem saiu mais cedo.