Depois de fechar os anos 80 como o maior campeão do Estado, o Athletico Paranaense começou os anos 90 de forma impressionante.
As regras do campeonato foram alteradas para esse ano, o que deixou a competição extremamente confusa, sendo jogada em dois turnos para definir os melhores times, que disputariam um hexagonal.
O time rubro-negro fez um primeiro turno impecável, mas um segundo desastroso, chegando a ficar 10 partidas consecutivas sem vencer. De qualquer forma, se classificou para a fase final.
Depois de vencer o Operário na semifinal, o campeonato teria mais uma vez um Atletiba na final, com o Athletico tendo a vantagem do empate por ter feito a melhor campanha no hexagonal. E isso fez toda a diferença.
O primeiro jogo, no Couto Pereira, tinha o placar de 1×0 para o rival até os 44’ da segunda etapa, quando Gilberto Costa bateu uma falta da entrada da área e Dirceu, o predestinado, testou para o gol, balançando o barbante e calando a torcida adversária.
Na segunda partida, o Furacão inaugurou o marcador logo aos 5’ do primeiro tempo, novamente com Dirceu, o Carrasco, mas enganou-se quem achou que seria um jogo fácil. Ainda antes do intervalo, o Coritiba virou o jogo com dois tentos, de Pachequinho e do zagueiro Berg. Mas o lance que marcou aquele campeonato estava guardado para o final.
“Odelmílson bate um lateral forte pra área. Lambaaaança da zaga do Coritiba. Dirceu aperta. Subiu Berg para tirar de cabeça. Olha o que ele fez… Gooooooool. E é contra do zagueiro Berg!”
No desespero de tentar consertar a falha da zaga, Berg sobe para tirar a bola para a linha de fundo e, caprichosamente, encobre o goleiro Gérson. Gol do empate e do título paranaense!
Obrigado, Berg!
Dia 22 de maio de 1994. Essa data marca a reinauguração do Estádio Joaquim Américo. Para celebrar esse momento tão importante, um jogo entre Athletico Paranaense e Flamengo foi marcado.
Claro que no grande dia a torcida do Furacão compareceu em peso. Já haviam feito isso durante todo o período de obras, indo acompanhar o desenvolvimento do estádio. Não seria diferente no dia do primeiro jogo. E a alegria foi completa naquele dia agradável de maio. O Athletico venceu por 1x0, com gol de Ricardo Blumenau, e iniciou uma festa que foi até o outro dia.
O Furacão estava novamente em casa.
O ano de 1995 marcou uma verdadeira revolução no Athletico Paranaense. Sob o novo comando de Mario Celso Petraglia, o Furacão reformulou totalmente seu time para a disputa da Série B. Do time que havia feito uma péssima campanha no estadual daquele ano, ficaram apenas os pratas da casa Paulo Rink, Alex Lopes e Leomar.
Para comandar o novo time, foi contratado José Macias, o Pepe, antigo craque dos anos de ouro do Santos e treinador consagrado. E sob sua inspiração, o Rubro-Negro fez uma campanha irretocável. Nenhum adversário foi páreo para o Furacão, que conquistou o acesso com uma vitória por 1x0 sobre o Mogi Mirim, fora de casa.
Ainda faltava o título. E ele veio na última rodada, com uma goleada de 4x1 sobre o Central, de Caruaru (PE). A torcida rubro-negra fez uma festa inesquecível, extravasando toda a alegria de passar, em menos de seis meses, do fundo do posso para o acesso à primeira divisão nacional.
Depois de fazer um campeonato brasileiro fantástico em 1996, o Comitê Gestor, liderado por Petraglia, tomou uma decisão extremamente importante para o futuro do Clube. Ao invés de reformar a Baixada, ela seria demolida e uma novo estádio seria construído no lugar, nos moldes das melhores arenas da Europa.
E assim, com muito planejamento e estudos, começou a construção do mais moderno estádio da América Latina!
Eram oito anos sem levantar a taça estadual. Em 1998, a saudade acabou.
O Furacão fez uma campanha irretocável, com um time bem montado e entrosado, mostrando-se superior durante toda a competição. Dirigida por Abel Braga, a equipe rubro-negra atingiu a impressionante marca de 23 vitórias, seis empates e apenas duas derrotas, marcando 71 gols e sofrendo 22.
A final, mais uma vez contra o grande rival Coritiba, foi disputada em três grandes jogos. No primeiro, o equilíbrio: empate em 1x1. No segundo, um baile rubro-negro que vale a história.
Jogo empatado em 1x1, até que o Athletico começa a desfilar um futebol surpreendente em campo e aplica um verdadeiro chocolate, terminando o jogo com uma bela vantagem de 4x1.
O terceiro jogo, em um Pinheirão lotado, era só para confirmar o título. Mesmo assim, o Athletico ganhou a partida por 2x1, deixando a festa da torcida completa!
Dois anos depois do início das obras, o Athletico anunciava para sua torcida a data de inauguração do novo estádio: 24 de junho de 1999, em um jogo amistoso com o Cerro Porteño, do Paraguai.
Como era de se esperar, a torcida lotou o estádio, protagonizando uma linda festa. A cereja do bolo foi a vitória por 2x1. Mesmo em tom festivo, o jogo foi pegado, mas os deuses do futebol não deixariam que nada atrapalhasse aquele momento.
Lucas escreveu seu nome na história ao marcar o primeiro gol da Arena da Baixada, aos 13’ do primeiro tempo. O brasileiro Gauchinho empatou para o Cerro no início da segunda etapa. E quando tudo parecia caminhar para um empate, aos 45’ o lateral Vanin avançou pela esquerda e arriscou o chute de longe. Bola na gaveta! Um golaço para encerrar um dia perfeito!
A noite era vermelha e preta!
A Seletiva para a Libertadores da América era a chance que o Athletico Paranaense precisava para disputar pela primeira vez a competição. Mas o caminho não seria nada fácil.
Começamos o torneio com uma inesperada derrota contra a Portuguesa, no Canindé, por 3x1. Na volta, precisaríamos ganhar bem para continuar disputando a competição. Em casa, mostramos a nossa força: vitória por 2x0, em um jogo tecnicamente impecável. Vaga garantida para a próxima rodada.
O desafio agora era contra o rival Coritiba. No jogo, em pleno Couto Pereira, aplicamos um inesquecível 4x1, praticamente acabando com todas as chances do rival seguir no torneio e carimbando nossa vaga para a próxima fase. Nem mesmo a derrota em casa por 2x1 foi suficiente para reverter a sonora goleada do primeiro jogo. Que viesse o Internacional.
O Athletico vinha embalado e confiante, com a vantagem de decidir mais uma rodada em casa. Em Porto Alegre, um empate. Em Curitiba, uma vitória. E, mais uma vez, o Furacão derrubava um grande favorito, provando sua força. O próximo obstáculo era o poderoso São Paulo.
Dessa vez, o primeiro jogo era em casa e de novo o Rubro-Negro faz o dever, abrindo uma bela vantagem com um placar de 4x2. Fomos para São Paulo podendo perder por um gol de diferença e foi exatamente o que aconteceu. 2x1 para eles. Perdemos o jogo, mas ganhamos a vaga para decisão da Seletiva!
O outro time era o Cruzeiro e a disputa da final começou em Curitiba, para a nossa sorte. Sabendo da importância de fazer um bom resultado, o escrete rubro-negro honrou a camisa durante os 90 minutos, apresentando um belo futebol e abrindo uma larga vantagem para a segunda etapa. O 3x0 no placar, com três gols de Lucas, era o começo da realização de um sonho!
Em Minas, mesmo jogando com larga vantagem, o Athletico não se acovardou e saiu na frente, com um belo gol de Adriano, e nem mesmo os dois tentos anotados pela equipe celeste foram suficientes para tirar o título e a vaga para nossa primeira Libertadores!
O Furacão agora é das Américas!