O primeiro jogo do Athletico Paranaense aconteceu poucos dias depois da fundação, em 6 de abril de 1924. Um amistoso contra o Universal FC foi marcado para apresentar o novo time a uma torcida que já demonstrava todo o amor pelo futebol e pelo clube que surgia.
As novas camisas, porém, não ficaram prontas a tempo e o time entrou em campo com o uniforme do Internacional. A escalação contou com Tapyr; Marrecão e Ferrário; Franico, Lourival e Malello; Smythe, Ary, Marreco, Maneco e Motta.
O jogo começou às 15h. E logo aos 5', Motta deu o primeiro chute a gol, mas parou em uma grande defesa do goleiro Tércio.
O primeiro gol da história do Athletico não demorou a sair e foi assim descrito pelo jornal Commercio do Paraná:
"Novo ataque levado a efeito pelo Athletico e dum passe de Ary, Marreco, ludibriando um dos zagueiros adversários, desfere violento ponta-pé, que se reverte no primeiro ponto para os seus."
Marreco, o grande artilheiro e ídolo primordial do Furacão, fez a Baixada vibrar pela primeira vez com um gol do Athletico!
O Universal chegaria ao empate e à virada ainda no primeiro tempo. Mas na etapa derradeira, o novo clube mostrou aquela que seria sua mais famosa característica: a raça rubro-negra!
Logo no começo, Malello empatou. E Ary, em cobrança de pênalti, anotou uma nova virada.
Para fechar o placar da partida histórica, veio um golaço. Maneco escapou driblando e tocou para Marreco. Ele acionou Ary, que atirou violentamente, conquistando em "bello estylo" o quarto e último ponto da tarde.
Placar final: 4 a 2 para o Athletico!
Festa da torcida que compareceu à Baixada e pôde ver ao vivo os primeiros gols da história do Furacão!
O ano de 1924 está marcado na história do futebol paranaense. O esporte começava
a ganhar certa notoriedade no cenário regional.
Em 1923, após problemas com dívidas e uma disputa burocrática pela vaga no Campeonato Paranaense, a diretoria do América resolveu abrir mão do Estadual como forma de protesto. Foi aí que surgiu a ideia de convidar o presidente do Internacional, Arcésio Guimarães, para unificar os dois times e criar uma nova potência.
Um ano e muitas reuniões depois, as duas diretorias conseguiram entrar em acordo
quanto à cor do uniforme do novo time e deram o aperto de mão final, que selou a
união de América e Internacional.
No dia 21 de março de 1924 foi realizada uma assembleia geral do Internacional, elaborado o primeiro documento alusivo à fundação do novo clube e eleita a diretoria.
"O Sr. Presidente diz que as Directorias do América e do International resolveram unir estas duas Sociedades sob a denominação de 'Club Athletico Paranaense', ficando as cores, preta e vermelha, em linhas horizontaes e calção branco, como uniforme dos jogadores, devendo o Internacional officiar a Associação Sportiva Paranaense, para os effeitos das alterações referidas e o America também officiar a 'ASP', pedindo seu desligamento. Os sócios de ambos os clubs constituirão os membros effetivos da nova Sociedade, que guardará ambas as garantias, direitos e deveres dos sócios das duas sociedades, seus archivos, throfeus e demais pertences", diz a ata da reunião.
No dia 26 de março, em nova reunião, toma posse a diretoria eleita. Arcésio Guimarães se tornou o primeiro presidente e também o responsável por dar início à trajetória de conquistas do clube, entrando para sempre para a história do Rubro-Negro.
Surgia o maior clube de futebol do Paraná, o Club Athletico Paranaense, fundado oficialmente em 26 de março de 1924.
Um ano após a fundação, o Athletico demonstrava em campo que nasceu para ser um time campeão. Começou o Campeonato Paranaense vencendo o forte Savóia, por 1 a 0. E permaneceu invicto durante todo o primeiro turno.
Na segunda etapa, o Rubro-Negro seguiu com sua grande campanha, mas foi superado pelo Savóia por 3 a 1. Após dez rodadas, empate na primeira posição da tabela, o que levou a uma decisão extra entre Athletico e Savóia.
O primeiro duelo, em 10 de janeiro, terminou empatado em 1 a 1. Um novo duelo seria necessário para definir o campeão!
A grande final
No dia 17 de janeiro, a Baixada do Água Verde ficou totalmente lotada. A renda chegou a quatro contos, trezentos e trinta e seis mil réis. Uma fortuna! Mais ou menos cinco mil pessoas. O público era quase todo rubro-negro.
Primeiro tempo difícil. Lá e cá. Faltando três minutos, Henrique, do Savóia, chuta e a bola entra. Desalento total da torcida…
Mas Urbino, o “center-forward” do Furacão, de repente resolve driblar, um por um, toda a defensiva italiana e arremessa fortíssimo pontapé, que se reverte no ponto de empate. Foi o 15º gol de Urbino em 12 jogos! Uma marca incrível do artilheiro do campeonato.
Na segunda etapa, o rubro-negro desenvolveu futebol convincente e Marreco marcou o segundo gol. A pressão continou e novamente Marreco balançou pela terceira vez a rede adversária: 3 a 1!
Pela primeira vez, o troféu era do Athletico! O primeiro de muitos que estavam por vir!
A CAMPANHA
12 jogos
8 vitórias
3 empates
1 derrota
37 gols marcados
15 gols sofridos
Primeiro turno
– 17/05: Athletico 1×0 Savóia
– 14/06: Coritiba 3×3 Athletico
– 16/08: Athletico 7×1 Paraná Sports
– 20/09: Athletico 5×1 Campo Alegre
– 04/10: Athletico 8×1 Universal
– 18/10: Athletico 2×1 Palestra Itália
– 08/11: Athletico 2×1 Britânia
Segundo turno
– 22/11: Savóia 3×1 Athletico
– 13/12: Athletico 1×1 Coritiba
– 27/12: Britânia 1×3 Athletico
Decisão extra
– 10/01: Savóia 1×1 Athletico
– 17/01: Athletico 3×1 Savóia
ELENCO CAMPEÃO
Goleiros
– Tapyr
– Tércio
Zagueiros
– Marrecão
– Haroldo
– João
Médios
– Laurival
– Franico
– Falcine
– Malelo
– Nano
– Bororó
Atacantes
– Marreco
– Ary
– Urbino
– Maneco
– Motta
– Marques
– Raul
– Camargo
– Aécio
Tapyr era goleiro do Internacional e assumiu a camisa do Athletico Paranaense nos primeiros jogos do novo Clube. Mas decidiu largar o futebol e se tornar vaqueiro em Guarauninha, lugarejo próximo a Palmeira, a 130 quilômetros de Curitiba.
Para seu lugar, o Athletico contratou Tércio, do Universal. Ele fez um grande campeonato em 1925 e chegou à final, contra o Savóia. Mas dias antes da primeira partida da decisão, Tércio adoeceu.
Com o time sem goleiro, o presidente Cândido Mäder decidiu: era preciso buscar Tapyr, “custe o que custar”. Em um Ford 1035, três representantes rubro-negros enfrentaram as estradas de terra da época e trouxeram Tapyr para o primeiro jogo: 1 a 1.
Mas o goleiro voltou para casa e foi novamente convocado uma semana depois, para o embate que decidiria o título. E dessa vez, a tarefa de buscar Tapyr foi destinada apenas a Aécio Portes, um dos membros da primeira comitiva.
Primeiro de trem e depois de carro, Portes conseguiu chegar até o Rio Guaraúna, o qual teve que atravessar a nado, e depois caminhar os quilômetros restantes até a fazenda de Tapyr.
Na viagem de retorno a Curitiba, já era noite quando chegaram à beira do rio. E era necessário nadar para chegar a outra margem. No meio da travessia, o goleiro foi arrastado pela correnteza em direção a uma valeta. Teve que lutar contra as águas para salvar sua vida.
Dormiram em Palmeira e chegaram em Curitiba na tarde de domingo. Mesmo exausto pela viagem, Tapyr fechou o gol e o Athletico venceu por 3 a 1. “Foi assim que o Rubro-Negro levantou seu primeiro campeonato e que, na história do futebol paranaense, mais um nome ficou gravado com letras de ouro”, relataram os jornais da época.
Quatro anos depois da conquista do primeiro Paranaense, o Athletico voltou a encantar no Estadual. E dessa vez, por incrível que pareça, foi com uma campanha ainda melhor, registrando um impressionante aproveitamento de 91,66% ao final das 12 rodadas, com dez vitórias e dois empates.
A caminhada para o título começou com uma goleada por 4 a 1 sobre o Britânia, então campeão. E os grandes resultados não pararam por aí. Com uma linha ofensiva muito entrosada e habilidosa, o Athletico Paranaense anotou placares amplos em vários jogos, sendo o mais impressionante deles um 10 a 0 contra o Aquidaban.
O jogo que garantiu a taça foi justamente contra o rival Coritiba. O time rubro-negro não decepcionou. Ganhou por 2 a 1 e pôde comemorar o título antecipado e invicto em casa, no ano em que ficou claro que o Athletico Paranaense se tornava o melhor time do Estado.
Melhor ataque, melhor defesa e uma campanha que ficaria para sempre na história do Campeonato Paranaense!
A CAMPANHA
12 jogos
10 vitórias
2 empates
0 derrota
48 gols pró
11 gols contra
Primeiro turno
– 07/04: Britânia 1x4 Athletico
– 05/05: Athletico 10x0 Aquidaban
– 16/06: Paranaense 0x7 Athletico
– 07/07: Athletico 4x1 Brasil
– 21/07: Bangu 1x8 Athletico
– 04/08: Athletico 4x1 Palestra Itália
– 01/09: Coritiba 4x4 Athletico
Segundo turno
– 15/11: Athletico 2x0 Britânia
– 01/12: Athletico WxO Britânia
– 22/12: Palestra Itália 0x1 Athletico
– 05/01: Athletico 2x1 Coritiba
– 19/01: Brasil 2x2 Athletico
ELENCO CAMPEÃO
Goleiros
– Alberto
– Tércio
Zagueiros
– Anjolilo
– Paraílio Borba
Médios
– Altino Borba
– Mercer (Rintintin)
– Falcine
– Rosa
– Bororó
– Guaxupé
– Laurival
Atacantes
– Marreco
– Levoratto
– Urbino
– Zinder Lins
– Maranhão
– Nano
– Ary
– Denizart
– Motta
– Raul
– Miro