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20 anos sem Caju: glória eterna à nossa Majestade
O ano de 2001 foi cheio de alegrias para o Furacão. Mas antes de comemorar os títulos de bicampeão paranaense e campeão brasileiro, a torcida rubro-negra viveu uma grande tristeza. No dia 23 de abril, o Athletico se despediu de Alfredo Gottardi, o fantástico Caju.
Naquele dia, há exatos 20 anos, chegava ao fim uma história de décadas vividas com as cores vermelha e preta. Ao longo de seus 85 anos de vida, Caju teve o Estádio Joaquim Américo como sua casa e a camisa rubro-negra como sua glória maior.
O bosque de pinheiros da antiga Baixada era o lugar favorito do menino Alfredo desde a infância. Era lá que ele via seu irmão mais velho, Alberto, brilhar como goleiro do melhor time de futebol do Paraná: o Athletico bicampeão invicto de 1929 e 1930.
E quando Alberto parou de jogar, chegou a vez do jovem Caju assumir a defesa do arco onde se tornaria Majestade. Ele tinha apenas 18 anos quando entrou em campo como titular do time principal pela primeira vez, no dia 23 de julho de 1933.
Foram 17 anos como jogador do Rubro-Negro. Entre 1933 e 1950, Caju conquistou seis títulos estaduais e dezenas de torneios. Foi por mais de dez anos o titular absoluto da Seleção Paranaense. E conquistou seu feito maior ao ser titular da Seleção Brasileira.
Goleiro do Brasil
A notícia que surpreendeu a todos veio no início de 1942. O goleiro do Athletico Paranaense estava entre os convocados para defender o Brasil no Campeonato Sul-Americano, no Uruguai. E ele fez muito mais do integrar o elenco.
Caju foi titular nos seis jogos da campanha que levou a Seleção ao terceiro lugar. Encerrou o torneio como o melhor de sua posição e como a grande revelação do futebol brasileiro. Exaltado pela imprensa nacional e também no Uruguai, Argentina, em todo o continente…
A Majestade do Arco era o desejo dos grandes clubes do Brasil. Caju recebeu sondagens e propostas de Flamengo, Vasco, Botafogo, Santos, São Paulo, Peñarol… Mas preferiu continuar na sua Baixada, defendendo o seu Athletico.
Para sempre rubro-negro
Depois de ganhar reconhecimento internacional, Caju participaria de três conquistas épicas com o Rubro-Negro. Em 1943 e 1945, foi titular em duas incríveis decisões com o Coritiba. E em 1949, integrou o elenco que tornou o clube para sempre conhecido como Furacão.
Ainda durante a carreira de atleta, Caju defendeu também o time amador do Athletico. E jogando como centroavante! Além disso, vestiu rubro-negro e ganhou medalhas em competições estaduais de atletismo, no salto em altura e salto com vara.
Depois que encerrou sua passagem pelos gramados, continuou fazendo parte do dia a dia athleticano. Participou várias vezes da diretoria. Em 1958, formou a comissão técnica ao lado do parceiro e amigo Jackson, em mais um título estadual.
Em 1967, integrou a comissão de obras na reforma da Baixada e colocou a mão na massa ao lado do irmão Alberto, na construção de novos lances de arquibancadas, alambrados e vestiários.
Quando não estava diretamente ligado a algum projeto diretivo ou técnico, Alfredo Gottardi era mais um torcedor no Caldeirão. Enquanto pôde, sempre esteve presente.
E o sobrenome Gottardi seguiu marcado como uma dinastia athleticana. Dois filhos de Caju jogaram no Furacão. Celso foi goleiro entre 1962 e 1964. E Alfredo se consagrou como um dos maiores zagueiros da história rubro-negra, atuando entre 1968 e 1977.
Legado eternizado
No dia 26 de junho de 1999, Caju estava presente na cerimônia que deixou seu nome para sempre no dia a dia do Athletico e seus jogadores. A inauguração do CAT Alfredo Gottardi colocou a Majestade do Arco na história de todos os atletas revelados pelo Furacão.
Pouco menos de dois anos depois, a trajetória do ídolo chegou ao fim. Uma legião de rubro-negros foi ao Joaquim Américo durante toda a noite de 23 de abril de 2001 e na manhã seguinte para se despedir, antes do sepultamento no cemitério do Água Verde.
Nosso goleiro Caju agora vivia como lenda.
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