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Confira um bate-papo com Ricardo Drubscky sobre o seu livro

Sebastião Ricardo Drubscky de Campos, ou simplesmente Ricardo Drubscky, está há muitos anos no meio do futebol, seja como preparador físico, treinador de categorias de formação de atletas, dirigente e, agora, como treinador, comanda o time principal do Atlético Paranaense. Estes anos no meio esportivo lhe renderam um grande repertório e pensamentos táticos que dispõe em seu livro "O Universo Tático do Futebol – Escola Brasileira".

Confira abaixo um bate-papo com o treinador do elenco profissional do Clube Atlético Paranaense sobre a segunda edição do livro, suas concepções táticas e como Drubscky coloca em prática seus pensamentos dentro de campo.

Site: O seu livro teve quantas edições?
Drubscky: Eu lancei a primeira edição com três mil cópias e ela vendeu todas as cópias. O texto da segunda edição já está revisado e mais encorpado. Agora estou trabalhando no lançamento da segunda edição. Espero conseguir fazer isso nos próximos meses.

Site: Então, não tem uma data prevista para ser a segunda edição ser lançada?
Drubscky: Não, ainda não tem uma data prevista, porque eu tenho me mobilizado muito aqui no Atlético. Não é à toa que os profissionais do futebol costumam cuidar de uma coisa só, porque absorve muito tempo e eu estou fazendo uma operação de guerra mesmo, em termos de dedicação ao Atlético. Está muita coisa adiantada, mas ainda não tenho previsão para quando a segunda edição do livro vai sair.

Site: Você disse que o texto está mais "encorpado". O que mudará da primeira para a segunda edição?
Drubscky: Eu atualizei alguns conceitos. Eu procuro dar ao livro uma característica atemporal. Eu tirei algumas coisas que davam ao livro aquela ideia de que naquela época tal aconteceu isso, então, o livro está muito mais conceitual. É uma leitura que a pessoa faz hoje ou daqui dez anos e que não vai sentir muita diferença.

Site: No livro, constam apenas seus pensamentos ou outras pessoas colaboraram com a teoria para se tornar atemporal?

Drubscky: O texto é todo meu. É lógico que existem citações. Eu cito alguns conteúdos de outras fontes literárias, assim como qualquer livro, mas o texto é todo meu, a redação é minha e houve apenas uma correção, feita pela revisora da editora, que arrumou coisas da gramática e do vocabulário. É um texto bem característico. Quem lê meu texto sabe que foi escrito por mim mesmo, pela forma como eu escrevo.

Site: Futuramente, você pensa em escrever outro livro?

Drubscky: Eu penso e tenho muita coisa redigida. Eu tenho prazer, eu gosto e é uma coisa que eu faço há muitos anos. Vou redigindo em pedaços de papel, vou compilando e guardando. Só que de uns tempos pra cá, eu venho fazendo isso de uma maneira mais ordenada e tenho uns quatro ou cinco conteúdos muito interessantes, com perfil para serem lançados como obra literária. Tudo envolvendo área de futebol. Eu me arrisco a algumas coisas mais técnicas, pois gosto de pensamentos, mas acho que só depois que eu morrer que vou permitir que publiquem, porque é uma coisa minha, muito particular. Sobre o futebol, tenho uns quatro ou cinco conteúdos bem desenvolvidos, volumosos, que podem virar textos literários e podem se transformar em publicações facilmente.

Site: Na sua concepção, o Atlético está conseguindo caminhar no Universo Tático do Futebol, ou seja, tem conseguido colocar em prática a teoria?
Drubscky: Olha, eu sou o chefe da comissão técnica, sou o comandante da comissão técnica e, logicamente, tenho uma forma muito especial de trabalho que é interagindo com todas as ciências de suporte. Estou muito envolvido com o auxiliar técnico, a preparação física, a fisiologia, a nutrição, a psicologia, a fisioterapia, então estou em constante troca de ideias. É uma linha de trabalho muito conjunta. O livro espelha a minha filosofia de trabalho. Apesar de já ter sido lançado há nove, dez anos, o livro é o que eu penso sobre futebol. Lógico que hoje eu tenho uma linha mais renovada e aprimorada, mas eu penso que o Atlético tem muito do Universo Tático do Futebol.

Site: O professor Paulo Borges, da Escola Furacão de Maringá, que está fazendo estágio em Portugal, trouxe uma analogia muito interessante: as ideias são como um mapa, que pode nos auxiliar a andar por um território, que seria a prática, mas as ideias não conseguem ser 100% representativas, porque existem buracos nas estradas, ou seja, as ideias  não conseguem ser transmitidas 100% no campo, porque você têm jogadores que não conseguem assimilar tão bem as táticas, entre outros fatores. Você concorda com essa linha de pensamento, de que não é tão simples tirar do papel e colocar na prática?

Drubscky: Eu concordo em partes. A práxis está aí para isso, que é você interagir teoria com prática. Você experimenta na prática aquilo que você teve como ideia e, se não deu certo, você adequa a prática a uma ideia que corresponda e vice-versa. Você vai exercitando isso. Eu costumo dizer que a prática costuma vir melhor até do que a teoria. Uma ideia colocada em prática sai melhor. Você vê isso em obras de arte. No futebol, aparecem lances, jogadas, que são inimagináveis de serem feitas, mas acontecem. Então, a prática consegue ser mais perfeita do que a ideia também. Então, é questão de se adequar, de não sonhar muito alto dentro de uma realidade que você já conhece e, também, não ser muito rasteiro nos seus pensamentos dentro desta própria realidade. Eu vejo as equipes que eu dirijo até surpreendendo positivamente, fazendo até mais do que eu imaginava.

Eu até comentei isso com a comissão técnica. Às vezes eu vejo, em momentos passados, que está saindo melhor do que eu pensava, em jogos, resultados, campanhas. Então, eu concordo em parte, mas o dono da ideia tem por obrigação tentar adequar uma prática que a concretize é esse o meu exercício constante. Eu penso uma maneira de como minha equipe pode jogar, como eu posso desenvolver, mas eu não fico culpando jogador, quando está difícil das coisas acontecerem. Eu sempre penso que eu ainda não consegui transmitir da maneira que eu quero as minhas ideias para a prática. Que dá pra fazer, dá. Eu acredito que dá para fazer muita coisa.

Fotos: Alexandre Senechal e Bruno Baggio / Site Oficial

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