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Juninho: Depois da quase desistência do futebol, um novo sonho no Furacão

Adilson dos Anjos Oliveira nasceu em 23 de outubro de 1987 em Goiânia, mas foi a partir do momento em que se mudou à vizinha Aparecida de Goiás, já no fim da adolescência, que ele começou a surgir para o futebol. Muito pela qualidade do jovem volante no futebol amador da região, o que lhe rendeu o primeiro contrato profissional no Aparecida, time local, em 2009. 

Hoje, o nome “Adilson” ficou mesmo só para o pai – que além de ter o mesmo nome, também tentou ser jogador de futebol na juventude. Mas coube ao filho, o agora volante Juninho, do Atlético Paranaense, realizar o sonho dele e da família. Sonho que por pouco não ficou pelo caminho. 

Se hoje o camisa 28 tem o privilégio de atuar no clube paranaense de maior torcida no Estado, são poucos os que sabem que ele já esteve em campo para jogar diante de um público de oito pagantes, pela Terceira Divisão do Goiano. Sim, o começo de carreira foi difícil. Passou pela carência de estrutura até as dificuldades para se estabelecer na profissão. Teve até o dissabor de algumas tentativas frustradas ao tentar se transferir para um clube maior – chegou a treinar no América (MG), mas não ficou por lá. Por uma questão contratual, também não chegou a jogar pelo ASA (AL). 

Tudo isso pesou e quase o fizeram desistir de seguir no esporte. 

“Cheguei a parar de jogar. Fiquei quase um ano parado” – relembra. Foi entre dezembro de 2009 e outubro de 2010. “Nesse período, comecei até a trabalhar em um mercado. Lá, fui açougueiro, entregador. Fazia de tudo. Foi uma época complicada e não tenho vergonha em dizer isso. Por isso, antes de cada jogo, busco incentivo em tudo isso que passei. É algo que levarei comigo para sempre, até para valorizar tudo que tenho hoje” – diz. 

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A estreia com a camisa do Furacão – diante do Flamengo, na terceira rodada do Brasileiro 2013 – emocionou o pai do atleticano, como ele assim revela. Não poderia ser diferente, após “Adilson pai” ver finalmente "o filho atuar por um grande clube do futebol brasileiro em uma grande competição". Foram estas algumas das palavras do pai logo após o jogo, por telefone, à época. Os parentes, todos morando em Goiás, também são daqueles que marcam presença. O Site do CAP, por exemplo, virou consulta obrigatória. Mas nada disso teria sido possível se, na época de dificuldade, o jogador não tivesse conhecido alguém que também passou a fazer parte da família. 

“O nome dele é Joaquim [Gomes]. Foi meu patrão no mercado e até hoje é um dos meus melhores amigos. Ele é como se fosse um segundo pai para mim” – conta o jogador, para depois continuar a história. “Na época em que trabalhava no mercado, eu também jogava campeonatos amadores. Era bastante puxado. Mas ele me dava tudo que eu precisava, desde chuteira até me liberar para os jogos. No Aparecida, ganhei uma nova oportunidade e pude recomeçar. Hoje, onde quer que eu jogue, levo uma camisa para ele. Nós nos falamos quase todos os dias ainda. Criamos uma amizade como se fosse uma família” – conta. 

Um recomeço, não. Uma “virada” que não parou mais e a qual rendeu a Juninho conquistas no interior goiano e também no Mogi Mirim, em São Paulo [confira abaixo mais detalhes da carreira do jogador]. Agora, a trajetória assume novos desafios na vida dele, que está prestes a completar 80 jogos oficias na carreira. A marca pode ser atingida caso for a campo no duelo desta quarta-feira (7), contra o Bahia, pela 11ª rodada do Brasileirão. 

“Vestir essa camisa do Atlético é, além de um orgulho, uma honra para mim” – declara. “É um clube que também me deu oportunidade e que vou levar comigo para sempre. Vários jogadores importantes fizeram sucesso aqui. Por isso, não quero só ter uma passagem pelo Atlético. Quero conquistar títulos, ser lembrado. Quero ter uma passagem vitoriosa aqui dentro. Quero chegar um dia lá em cima e lembrar que passei por tudo isso. Sei que é uma responsabilidade e um desafio grande. Por isso a cada dia trabalho ainda mais para dar conta do recado” – encerra. 

Pela história de superação de Juninho, é bom não duvidar.

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