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Em entrevista, Paulo Autuori fala sobre temporada, filosofia do Clube e projeta 2017
Paulo Autuori foi anunciado como o técnico do Atlético Paranaense em 7 de março deste ano. Cinco dias depois, estreou pelo Rubro-Negro com uma goleada por 4 a 0, diante do PSTC. O resultado expressivo evoluiu para conquistas no decorrer da temporada.
Com Autuori, o Furacão consolidou o modelo de jogo e chegou longe. Em abril, foi vice-campeão da Copa da Primeira Liga. No mês seguinte, levantou a taça do Campeonato Estadual, com um placar agregado de 5 a 0 sobre o Coritiba.
No último domingo (11), mais um objetivo foi alcançado. O Atlético Paranaense garantiu vaga na Copa Libertadores e disputará a competição continental pela quinta vez na história.
Nesta caminhada em 2016, Paulo Autuori comandou o Rubro-Negro 58 vezes. "Acho que foi um ano bastante satisfatório", disse o treinador atleticano, em entrevista especial ao Site Oficial [confira abaixo]. "Conquistar títulos é sempre importante. Principalmente da maneira que foi conquistado, depois de algum tempo que o Atlético não conseguia e dentro da casa do rival", relembra.
Em busca de ainda mais conquistas na próxima temporada, Paulo Autuori vislumbra o crescimento do setor ofensivo do Atlético Paranaense. "Espero que possamos melhorar significativamente na fase de construção, meio campo ofensivo e ataque. Isso, certamente, dará um equilíbrio como equipe", destaca.
Confira, abaixo, a entrevista completa com o técnico Paulo Autuori:
Site Oficial: Título do Campeonato Paranaense, segundo lugar na Copa da Primeira Liga e vaga na Libertadores. Como você avalia seu primeiro ano no Atlético Paranaense?
Paulo Autuori: Todos aqueles que trabalham têm participação e são extremamente importantes e úteis para todo o processo. Acho que foi um ano bastante satisfatório. Conquistar títulos é sempre importante. Principalmente da maneira que foi conquistado, depois de algum tempo que o Atlético não conseguia e dentro da casa do rival. Chegamos bem na Copa da Primeira Liga e poderíamos ter até conquistado o título. A final foi um jogo perfeitamente igual. Tivemos uma participação também muito interessante na Copa do Brasil, especialmente no último jogo contra o Grêmio. Perdemos em casa e fomos para reverter o resultado. De uma forma inesperada, não definimos, já que ficamos próximos da vaga. E no Campeonato Brasileiro, nós fizemos uma campanha muito regular, que nos gerou a possibilidade da classificação para a Copa Libertadores. Certamente, poderíamos ter atingido este objetivo de uma forma muito menos difícil, caso tivéssemos uma prestação maior e melhor nos jogos fora de casa.
Créditos: Site Oficial/Arquivo
Site: Você esteve à frente do Clube durante quase toda a temporada. Acredita que isso foi benéfico para dar um padrão tático à equipe?
Autuori: A continuidade é fundamental. Mas ao proporcionar continuidade, você tem que saber que precisa ter uma lógica progressiva, respeitando os processos pedagógicos. Estive em lugares que tive muito tempo para continuar um trabalho e dar solidez a ele, fazer um trabalho com "cabeça, tronco e membro". Outras vezes, não pude terminar. São situações que acontecem dentro do futebol. O Atlético Paranaense nos proporciona isso [um trabalho longo] e eu, particularmente, fico extremamente satisfeito. Por diversas vezes, expressei a felicidade de poder estar aqui. Era uma situação que não passava na minha cabeça, trabalhar como técnico no futebol brasileiro. Somente o Atlético Paranaense, com seu projeto e suas ideias, fez mudar aquilo que estava programado. Digo, decididamente, que será meu último trabalho como técnico.
Site: Quando você chegou ao Clube, disse que voltava ao Brasil pela filosofia daqui. Nove meses depois, as expectativas foram atendidas?
Autuori: Sem dúvidas. Até mais. Logicamente, eu tinha uma ideia daquilo o que era o Clube. O mercado todo tem. Mas quando você está inserido aqui e mergulhado aqui, as expectativas são superadas.
Site: O quanto isso ajuda no trabalho do dia a dia da comissão técnica e no rendimento dos atletas?
Autuori: Ajuda muito. Não é o fator determinante para o rendimento. O futebol é apaixonante por isso, pelo imponderável. O menor pode ganhar do maior, o menos qualificado pode ganhar do mais qualificado. Isso que faz a beleza do futebol. Agora, ela [estrutura] te dá condições para projetar e atingir alguma coisa com muito mais solidez. Isso é o mais importante.
Créditos: Site Oficial/Arquivo
Site: O Clube valoriza muito o trabalho das Categorias de Formação e você utilizou muitos atletas revelados no CAT. Como é participar do amadurecimento destes jogadores?
Autuori: Foi isso que me fez estar aqui. Eu acredito nisso. Acho que o Clube de futebol, nos dias atuais, precisa ter um olhar profundo e delicado para sua Formação e proporcionar este processo em condições não só materiais, mas acima de tudo em termos de ideais. Pela primeira vez na minha vida, de forma surpreendente, uma instituição me propôs desenvolver um trabalho que eu acredito e que eu gostaria de ter desenvolvido em outros clubes, mas não foi possível pois não se acreditava nisso. Fico feliz por poder contribuir para que possamos fazer o futebol do Atlético Paranaense uma coisa única, independentemente das categorias.
Site: Você que já tem quatro Copa Libertadores no currículo e agora participará da quinta. O que esta competição tem de tão diferente e especial?
Autuori: Participei quatro vezes. Tive o privilégio de participar de grupos vitoriosos, pelo menos duas vezes, uma com o Cruzeiro e outra com São Paulo. Em outras, disputei com o Sporting Crystal [Peru] e com o Atlético Mineiro, nas quais não permitiram terminar a trajetória. É uma competição boa de se jogar, diferente. Tem suas particularidades, como todas têm. Vamos procurar ter uma participação condizente e adequada com a grandiosidade do Clube Atlético Paranaense.
Créditos: Site Oficial/Arquivo
Site: Como você projeta o Atlético Paranaense na temporada 2017 como um todo? Pretende dar mais enfoque em algum setor?
Autuori: Hoje, fala-se muito em posse de bola. A questão que eu coloco sempre aos jogadores é que não é ter a bola, é saber como tê-la, para ser eficiente e eficaz, que é aquilo que vai fazer ser competitivo e rentabilizar essa capacidade de ter a bola em seu poder. Defensivamente, a equipe foi muito forte ao longo da temporada, o que é normal. Desenvolvemos determinados conceitos e os defensivos são aqueles que devem ser adquiridos primeiro, para dar uma sustentação e posteriormente agregar as ações ofensivas. Acho que o sistema defensivo da equipe foi muito bem trabalhado e deu uma resposta maravilhosa. Foi aquilo que nos fez classificarmos para a Libertadores e espero que possamos melhorar significativamente na fase de construção, meio campo ofensivo e ataque. Isso, certamente, dará um equilíbrio como equipe.
Site: Em 2016, você falou muito sobre a parte mental do time. Como trabalhar isto para a Copa Libertadores?
Autuori: É uma preocupação que tenho desde que cheguei aqui. Acho que hoje, sem força mental, você não faz nada, independentemente do setor profissional que estiver envolvido. Nos dias de hoje, da maneira como é jogado o futebol, é um jogo mental. Para ser competitivo, você pode estar muito bem preparado tecnicamente, mas se não entender que mentalmente terá que ser forte para superar seus principais problemas e superar os adversários, fica muito difícil. O Clube, mais uma vez, demonstra toda sua excelência em relação a ideias e metodologia aplicada e nos proporcionou a possibilidade de criar uma equipe que chamamos de "equipe performance mental". Ela tem desenvolvido um trabalho muito bom, mas é um processo longo. O objetivo é preparar todos os níveis do futebol do Atlético Paranaense para estar forte mentalmente e poder, desta maneira, potencializar todas a virtudes, em nível individual e coletivo.