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Com um currículo invejável, Lucho González é referência no Furacão dentro e fora de campo
Luis Óscar González ou simplesmente Lucho. Um dos jogadores mais experientes do atual elenco do Atlético Paranaense, o meia argentino é referência no CAT Alfredo Gottardi. Sempre sereno e acompanhado de sua cuia, Lucho carrega dezenas de tatuagens no corpo e a tranquilidade de um profissional extremamente dedicado.
Aos 36 anos, o camisa 3 rubro-negro possui um currículo de dar inveja. Antes de chegar ao Furacão, Lucho González defendeu o Huracán e o River Plate, na Argentina. Na sequência, foi para Portugal deixar seu nome escrito na história do FC Porto. Soma ainda passagens pelo Olympique de Marselha [França] e Al-Rayyan [Catar].
Em pouco mais de 18 anos como jogador profissional, são incríveis 22 títulos conquistados. Com a Seleção Argentina, foi campeão dos Jogos Olímpicos de Atenas [2004], participou da Copa das Confederações [2005], da Copa do Mundo na Alemanha [2006] e da Copa América [2007].
A infância foi vivida no bairro Parque Patricios, em Buenos Aires. Acostumado a brincar na rua, o primeiro esporte que chamou a atenção de Lucho foi a bocha. “Gostava de ver em um parque que tinha perto da minha casa”, relembra. “Como viam que eu estava sempre lá, me deixavam brincar com o meu irmão”, acrescenta.
Mas o futebol sempre esteve por perto e, com o passar do tempo, foi ficando mais intenso em sua vida. “Era algo que gostava e sentia vontade de jogar, mesmo nos dias com chuva, mas sem compromisso. Aos sábados, mesmo quando já estava no Huracán, treinava de manhã e à tarde tinham jogos no parque perto da minha casa. Gostava de ir porque era contra pessoas mais velhas. Começava às seis da tarde e ia até escurecer”, destaca.
A carreira como profissional começou aos 18 anos. Quatro temporadas depois, já estava defendendo o River Plate. Mesmo com a dificuldade inicial de adaptação à nova realidade, Lucho virou titular e conquistou seu espaço também na Seleção.
Mas foi em Portugal que o jogador mudou o patamar e viveu também um dos momentos mais delicados de sua vida. Pelo Porto, virou capitão, conquistou quatro títulos nacionais seguidos e se transformou em um ídolo no Clube. Voltou dois anos e meio depois e ampliou a lista de títulos no país.
Fora de campo, teve que lidar com a morte do pai e com a difícil decisão de entrar em campo no mesmo dia. “Tínhamos um jogo da Liga dos Campeões, contra o Dínamo Zagreb [Croácia]. Meu pai já estava doente e tinha falado com ele, por telefone, na segunda-feira. Falei que ia fazer dois gols, porque era nossa estreia. E como o jogo passava sempre na Argentina, ele ficava na torcida. No dia do jogo, minha esposa me ligou para dar a notícia e eu já imaginava. A diretoria do clube me perguntou se eu estava disposto a jogar, que a decisão era minha. Mas eu achei que por ele, tinha que jogar. Não foi fácil, mas marquei um gol para ele e foi algo especial”, conta Lucho.
Créditos: Arquivo/Site Oficial
Depois de experiências bem diferentes na França e no Catar, o meia voltou para o River Plate e colocou mais uma importante conquista no currículo, a Conmebol Libertadores Bridgestone. Na sequência, veio para o Atlético Paranaense e realizou o sonho de atuar no futebol brasileiro.
Com a camisa rubro-negra, ajudou na conquista da vaga para a disputa de mais uma Conmebol Libertadores Bridgestone, a sexta na carreira. E no torneio de 2017, já mostrou porque é respeitado na competição continental, com três gols marcados nos últimos três jogos do Furacão.
“Não esperava. É uma competição especial para mim e é preciso se preparar mais do que o normal. Mas as coisas têm acontecido, têm saído bem e fico feliz. Mas fico mais feliz quando ganhamos. Prefiro os três pontos, do que um gol meu. Mas não vou ser hipócrita e fico feliz quando faço um gol”, afirma.
Casado, com quatro filhos [dois vivem com ele no Brasil e dois estão na Argentina], Lucho viveu uma vida diferente quando chegou ao Rubro-Negro. Ainda sem a família por perto, que estava em Portugal, optou por morar no CAT Alfredo Gottardi e ficar a maior parte do tempo dentro do Clube.
A decisão, segundo ele, fez com que a adaptação fosse mais fácil. “Eu me senti muito bem. Às vezes, sinto saudade de ficar aqui. Quando vi a estrutura que tinha aqui, não tinha lógica ir para um hotel. Fiquei à vontade. É bom conhecer todo mundo do Clube. Foi uma experiência boa, que não imaginava, mas gostei e me ajudou muito”, relembra.
E o profissionalismo de Lucho não é visto em palavras, mas sim em atitudes. Aos 36 anos, dedica-se como um jovem recém-promovido aos profissionais. Com um elenco novo, o camisa 3 é uma referência no Furacão.
“Gosto que os mais jovens tenham mais responsabilidade e dou conselhos. Alguns devem pensar que sou um velho chato, mas aqui temos vários jogadores com muito futuro”, avalia. “Eu sempre fui assim. Mesmo quando era jovem, gostava de chegar cedo e me entrosar com todos. Hoje, faço o mesmo e não com o objetivo de que me reconheçam por isso. Eu sou assim. Mas claro que fico grato de ser uma referência”, completa.
Para deixar seu nome também na história do Atlético Paranaense, Lucho mira a conquista de títulos. Com dedicação em todas as partidas, sonha em ser campeão novamente da Conmebol Libertadores Bridgestone.
“Estamos em um grupo difícil, chamado de ‘grupo da morte’, mas dentro de campo tudo pode acontecer. Estamos em um caminho certo, dando expectativas que muita gente não acreditava. Contra o Flamengo, vamos ter dois jogos decisivos para o futuro do grupo e estou muito confiante”, afirma.
Créditos: Arquivo/Site Oficial
Confira, abaixo, entrevista completa com Lucho González.
Site Oficial: Voltando um pouco no tempo, antes de começar a falar de futebol, como foi a infância na Argentina e o que você gostava de fazer?
Lucho González: Minha infância foi boa. Tenho boas lembranças. Brincava muito na rua, com o meu irmão e meus amigos. No início, lá pelos seis anos, não ligava muito para o futebol. Gostava de ver um jogo de pessoas mais velhas, que é a bocha. Eu gostava de ver como jogavam, em um parque que tinha perto da minha casa. Como viam que eu estava sempre lá, me deixavam brincar com o meu irmão.
Site: E como surgiu o futebol na sua vida?
Lucho: No futebol, foi o pai de um amigo que me levou, para um clube onde jogavam futebol de salão. Comecei, mas não pensando em jogar profissionalmente. Era algo que gostava e sentia vontade de jogar, mesmo nos dias com chuva, mas sem compromisso. Tem também um narrador na Argentina, que eu escutava na rádio, chamado Víctor Hugo Morales. É um uruguaio radicado na argentina. Ia para rua jogar com o meu irmão. Ele ficava no gol e eu gostava de narrar como se fosse um jogador profissional.
Site: Em qual região você foi criado?
Lucho: É em Buenos Aires mesmo. O bairro é Parque Patricios, no limite com Barracas e La Boca. E foi lá que tudo começou. Há duas quadras da minha casa tinha um parque. Aos sábados, mesmo quando já estava no Huracán, treinava de manhã e à tarde tinham jogos em um parque perto da minha casa. Gostava de ir porque era contra pessoas mais velhas. Começava às seis da tarde e ia até escurecer.
Site: E sua família sempre te apoiou nessa caminhada no futebol?
Lucho: Meu pai foi uma pessoa que trabalhou durante toda a sua vida para poder nos dar uma vida boa. Não tínhamos grandes luxos, mas nunca nos faltou nada. Sempre tivemos comida na mesa. Com os anos, o caminho vai ficando mais difícil e vem o sonho de tentar ser profissional. Meus pais sempre quiseram que eu fosse estudar. Mas falei que preferia trabalhar e tentar continuar jogando. A partir daí, tudo foi dando certo.
Site: Vindo de uma equipe menor, como o Huracán, foi difícil chegar ao River Plate, com toda a tradição e o respeito que tem na Argentina?
Lucho: Foi uma coisa muito diferente. Conhecia o D’Alessandro e o Lux, goleiro, das convocações nas divisões inferiores da Seleção Argentina. Mas foi uma mudança muito grande. No início, estava envergonhado de muitas coisas, até do meu carro. Tinha um Gol pequeno e deixava bem longe para ninguém ver. Levou um tempo para me adaptar, mas tive um treinador que me ajudou muito. O Manuel Pellegrini, chileno. Além de ter aprovado minha contratação, deu o tempo necessário para que eu percebesse as diferenças.
Site: No River Plate, você começou a ser convocado para a Seleção Argentina. O que mudou desde então?
Lucho: Não tem coisa igual. Não há palavras para definir o sentimento de defender seu país. Tenho um exemplo que aconteceu comigo e que sempre falo. Estava na França, fui convocado algumas vezes pelo Maradona e depois deixei de ser. E na primeira convocação do Alejandro Sabella, ele me chamou. Eram dois jogos amistosos na Índia, contra Venezuela e Nigéria. Eu estava na França, como titular e o Didier Deschamps [técnico na época] me perguntou o que eu ia fazer lá. Disse que iria até a pé se precisasse. Eu queria voltar a ter essa sensação. O jogador sul-americano tem mais esse sentimento de defender seu país.
Créditos: Arquivo/Site Oficial
Site: No Porto você teve um dos grandes momentos da carreira?
Lucho: Quando surgiu a proposta de Portugal, que na Argentina não era visto como um grande centro no futebol, muitos me falavam que eu poderia sumir para a Seleção. Mas era um time com muita história, que tinha sido campeão do mundo. Desde o início, foi uma coisa impressionante, que nunca imaginei. Cheguei à Europa e me adaptei muito fácil. Em pouco tempo, já era o capitão do time. E tive a sorte de, nos quatro anos que joguei na primeira passagem, conquistar quatro vezes o Campeonato Português.
Site: Juntando os dois períodos em que você esteve em Portugal, o que mais te marcou?
Lucho: Em seis anos e meio, vivi muitas coisas boas. Seis títulos do Campeonato Português, algo que não foram muitos estrangeiros que conseguiram. Mas teve o dia em que meu pai faleceu, que marcou muito. Tínhamos um jogo da Liga dos Campeões, contra o Dínamo Zagreb [Croácia]. Meu pai já estava doente e tinha falado com ele, por telefone, na segunda-feira. Falei que ia fazer dois gols, porque era nossa estreia. E como o jogo passava sempre na Argentina, ele ficava na torcida. No dia do jogo, minha esposa me ligou para dar a notícia e eu já imaginava. A diretoria do clube me perguntou se eu estava disposto a jogar, que a decisão era minha. Mas eu achei que por ele, tinha que jogar. Não foi fácil, mas marquei um gol para ele e foi algo especial.
Site: Depois de todo o sucesso que teve com a camisa do Porto, como foi mudar de país e defender o Olympique de Marselha, na França?
Lucho: No primeiro ano que cheguei a Portugal, conheci alguns brasileiros. E tive o prazer de jogar com o Diego, que está no Flamengo. E uma vez ele me falou que eu veria muitas outras coisas em outros países na Europa. E comprovei isso na França. Mesmo contra equipes pequenas, eram 15 ou 20 mil pessoas no estádio. A qualidade do jogo era muito grande também. Conseguimos ser campeões depois de 18 anos. Então, foi uma loucura. Tinha gente que me perseguia até em casa, só para tirar uma foto. Foi uma admiração muito grande e tive a sorte de ser campeão lá e consegui ganhar cinco títulos em dois anos e meio.
Site: Apesar do sucesso na França, qual foi o problema que você teve lá?
Lucho: Foi uma experiência maravilhosa que acabou mal pelo o que aconteceu com a minha família. Fui roubado na França e isso me marcou muito. Estávamos dormindo e entraram para pegar carro e outras coisas. Foi delicado, mas acontecia com frequência. Mas eu sempre falo que um dia preciso voltar lá, porque gosto muito do clube e da cidade.
Site: No Catar, você enfrentou uma realidade muito diferente destas duas experiências na Europa?
Lucho: Foi completamente diferente. Foi pela questão financeira, mas passei muito mal. Achei que ia conseguir acostumar. Se vive bem, mas gosto de competir, da motivação. E lá era diferente. Você ganha em qualidade de vida, mas deixa de lado um pouco o futebol e não consegui. São pessoas muito boas, que querem dar uma organização ao futebol, mas é muito diferente.
Site: Depois disso tudo foi importante voltar ao seu país e a um clube que você tinha muita identificação?
Lucho: Eu voltei por isso mesmo, para sentir de novo a adrenalina de competir e vencer. Sempre tive a sorte de jogar em clubes que os objetivos eram vencer e ser campeão. Foi isso que me motivou durante toda a minha carreira. O River estava na semifinal da Libertadores. E antes de eu ir para a Europa, tinha perdido duas vezes nesta fase. Queria ganhar e o treinador me disse que poderia voltar, independentemente da minha condição. Foi uma decisão boa e pudemos vencer a Conmebol Libertadores Bridgestone.
Site: Vivemos no ano passado, inclusive com a presença do Weverton, a sensação da inédita medalha de ouro nas Olimpíadas. Você teve essa conquista com a Argentina, nas Olimpíadas de Atenas, em 2004. O que representou?
Lucho: Nas Olimpíadas, deixa de ter aquele luxo do jogador de futebol, de estar em um hotel cinco estrelas e ter tudo. É como voltar a se sentir no início de carreira, preparando tudo sozinho. E foi uma experiência que nunca mais vou esquecer. Se não ficássemos na Vila Olímpica, não seria a mesma coisa. Foi maravilhoso e não vamos esquecer nunca, até porque ganhamos a primeira medalha olímpica de ouro para o futebol da Argentina.
Site: E como foi para você disputar a Copa do Mundo, em 2006?
Lucho: O Mundial é algo impressionante. Saber que você tem nos jogos o país inteiro assistindo, já deixa qualquer um motivado demais. No Brasil e na Argentina, os países vivem muito isso. Então, estar entre os convocados já é um privilégio. Eu machuquei no segundo jogo, contra a Sérvia. Mas voltei nas quartas de final, contra a Alemanha. Eu me recuperei e o treinador me colocou como titular. Lamentavelmente, não conseguimos passar, mas consegui jogar.
Site: Como surgiu o apelido de “El Comandante” e como você encarou essa brincadeira?
Lucho: Foi no Porto, porque quando marco gol eu faço o gesto como se estivesse procurando meu filho na arquibancada. E os jornalistas começaram a falar que era o rumo do time, que eu comandava. Nunca gostei. Só que depois fizeram uma bandeira da Argentina com a minha cara e o escrito. Aí ficou. Não tem como mudar isso e também não é tão ruim assim.
Lucho comemora gol diante do San Lorenzo com sua marca registrada. Créditos: Mauricio Mano/Site Oficial
Site: O Paulo Autuori brincou, na tua contratação, que você era um “animal competitivo”. Os 22 títulos conquistados comprovam essa metáfora usada por ele?
Lucho: Eu acho que foi isso. Tive a sorte de estar sempre em clubes que não era impossível ganhar título. E para mim todos os campeonatos têm a mesma importância. Compito dia a dia para tentar ser melhor. No final, o mais importante é ficar na história de um clube e para isso tem que ganhar títulos. É a maneira para ser lembrado.
Site: Quais foram os principais jogadores que te inspiraram ainda jovem e também como profissional?
Lucho: Quando estava na Argentina, gostava muito do Verón e do Riquelme, até pela posição. Depois na Europa, comecei a ver o Lampard e o Gerrard. Eram jogadores que eu admirava como chegavam na área e chutavam de fora. Foram jogadores que sempre admirei e tive a possibilidade de jogar. Como ídolo mesmo sempre tive o Maradona, por tudo que atingiu com a Argentina e com o Napoli.
Site: E teve algum treinador que foi fundamental para tua evolução durante a carreira?
Lucho: Sempre tentei tirar as coisas positivas de cada um. O que mais me marcou foi o Bielsa e sempre tive admiração por ele. No Porto, o professor Jesualdo Ferreira me ajudou e me ensinou muito. Hoje, tenho um treinador que estou vendo que sabe muito também, com conceitos claros. São exemplos que vou levando.
Site: Você sempre disse que tinha vontade de atuar no futebol brasileiro. Como está sendo este período?
Lucho: Eu falei com meus amigos, que tinha que ter vindo para cá mais jovem. Gosto muito daqui e agora entendo como tem jogadores que ficam só jogando no Brasil. É um país que dá para fazer sua carreira. Estou admirado. Aqui você tem tudo e se superam muitas coisas. Então, estou feliz.
Site: No ano passado, você ficou bastante tempo aqui no CAT, enquanto sua família não estava no Brasil. Como foi para você?
Lucho: Eu me senti muito bem. Às vezes, sinto saudade de ficar aqui. Quando vi a estrutura que tinha aqui, não tinha lógica ir para um hotel. Fiquei à vontade. É bom conhecer todo mundo do Clube. Foi uma experiência boa, que não imaginava, mas gostei e me ajudou muito.
Site: Agora que sua família está em Curitiba, como é o dia a dia do Lucho quando não está no Atlético Paranaense?
Lucho: Fico em casa, assim como quando ficava aqui no CAT. Não sou muito de sair. Vou ao shopping quando preciso de alguma coisa. Minha esposa está tentando me levar aos parques, mas ainda não fui. Gosto de ir a restaurantes, com a família e os amigos. Em alguns momentos, em outras cidades, fiz o tour e aqui ainda vou fazer. Minha esposa comprou um bom sofá e fico por lá mesmo, vendo futebol. Sempre fui assim e gosto de curtir minha casa, com os filhos.
Site: O Alex Sandro, lateral que foi revelado no Atlético Paranaense e está na Juventus, sempre te elogiou e falou do seu exemplo para os mais jovens. É algo que você também tem feito por aqui?
Lucho: Não como uma obrigação e sim como fizeram comigo no meu início. Gosto que os mais jovens tenham mais responsabilidade e dou conselhos. Alguns devem pensar que sou um velho chato, mas aqui temos vários jogadores com muito futuro. O Atlético é um clube formador e essa experiência com eles é boa, até para ver até onde posso chegar.
Créditos: Marco Oliveira/Site Oficial
Site: Todos no Clube destacam seu profissionalismo, tanto nos treinos quanto nos jogos. É algo que você carrega do seu período na Europa?
Lucho: Eu sempre fui assim. Mesmo quando era jovem gostava de chegar cedo e me entrosar com todos. Hoje, faço o mesmo e não com o objetivo de que me reconheçam por isso. Eu sou assim. Mas claro que fico grato de ser uma referência e que vejam isso. Tento passar isso aos mais jovens, para que eles possam atingir seus objetivos na carreira.
Site: Você ainda sabe quantas tatuagens tem? E todas elas têm algum significado?
Lucho: Não. Já perdi as contas e não conto mais. Não me interessa e tampouco tenho vontade de parar. Vou continuar fazendo. Na maioria, são coisas de família, nomes ou datas. Coisas que vou gostando como filmes e outras coisas. Gosto da que tenho com o rosto do meu pai, que não está mais comigo, mas são muitas marcantes.
Site: Com a experiência que você tem na Conmebol Libertadores Bridgestone, inclusive com um título, qual a principal virtude para que uma equipe chegue a este objetivo?
Lucho: Eu acho que tem que ter um time que acredita e nós somos assim. Nunca nos damos por vencidos, mesmo quando aparecem as dificuldades. Estamos em um grupo difícil, considerado o ‘grupo da morte’, mas dentro de campo tudo pode acontecer. Quando você acha que tem um jogo ganho, como tivemos contra a [Universidad] Católica, os erros se pagam caro. Mas estamos em um caminho certo, dando expectativas que muita gente não acreditava. Contra o Flamengo, vamos ter dois jogos decisivos para o futuro do grupo e estou muito confiante.
Site: Você marcou gols nos últimos três jogos do Furacão no torneio. Como é essa sensação mesmo estando em sua sexta participação da competição?
Lucho: Não esperava. É uma competição especial para mim e é preciso se preparar mais do que o normal. Mas as coisas têm acontecido, têm saído bem e fico feliz. Mas fico mais feliz quando ganhamos. Prefiro os três pontos, do que um gol meu. Mas não vou ser hipócrita e fico feliz quando faço um gol.
Site: Em campo, não apenas na parte tática, dá para dizer que o Lucho deste ano é bem diferente do ano passado?
Lucho: Estou me sentindo bem. A posição também é onde me sinto confortável e joguei durante toda minha carreira. Mas manifestei ao Paulo [Autuori] que minha vontade é jogar. Seja como volante ou meia, vou tentar sempre o melhor. E o fato de já estar há um tempo no Clube, de conhecer meus companheiros, com os conceitos do treinador, facilitaram as coisas. Chegaram jogadores que se adaptaram bem ao time e isso ajuda ao funcionamento individual e coletivo.
Site: E quando você decidir parar, pretende continuar no futebol?
Lucho: Óbvio que gostaria de ficar ligado ao futebol. Não é fácil fazer uma carreira de treinador, mas gostaria de ao menos tentar.