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Presidentes falam sobre clube, mercado e sócios

Os presidentes do Conselho Gestor e Deliberativo do Atlético Paranaense, João Augusto Fleury da Rocha e Mario Celso Petraglia, concederam nesta sexta-feira, entrevista coletiva na Sala de Imprensa da Kyocera Arena. Os presidentes falaram sobre a atual situação do time, além das dificuldades encontradas para administrar um clube no mercado concorrido e deficitário. Além disso, os dois convocaram a torcida para participar ativamente do CAP, principalmente através da associação.

Confira os principais assuntos abordados pelos presidentes atleticanos ou clique no link e confira o áudio da entrevista: www.caparanaense.com/audios/audiocoletiva.mp3

 
Presidentes falaram abertamente com imprensa
Foto: Site Oficial CAP

Projeto

Fleury – "Nós temos um projeto e ele está em andamento. O Atlético Paranaense se consolida cada vez mais nacionalmente e internacionalmente. Estamos sabendo de tudo o que está acontecendo e as mudanças óbvias são pedidas, como jogadores e comissão técnica. Mas, não significa termos algum problema estrutural. Temos o CT, a Arena, nossa filosofia e desse conceito não fugiremos. O momento atual alcança exclusivamente o futebol e acontece aqui e em todos os lugares".

Relacionamento com imprensa

Petraglia – "Conversa aberta e transparente. Há nosso compromisso de estreitar o relacionamento. Vamos completar 13 anos em maio, estou meio afastado, mas me comprometi a rever a minha posição. Teremos uma convivência mais próxima. Claro que privilegiamos nossos veículos, como o Site Oficial, mas vamos melhorar o relacionamento".

Cobrança

Petraglia – "Por que somos cobrados? Por construir a Arena? Por construir o CT? Por prometer trazer a Copa para cá? Há

 
 Presidentes explicaram situação do mercado
Foto: Site Oficial CAP

inversão de valores que não podemos permitir. Há 13 anos estamos na primeira divisão. Somos cobrados porque não ganhamos o bi em 2004 e a Libertadores em 2005. Me sinto devedor por não explicar mais o que estamos fazendo. Sei que falhei nisso, mas não devemos absolutamente nada. Devedor eu não me sinto. Contribuímos para o crescimento do clube. Não temos culpa se nos 70 anos anteriores nada foi feito. Como podemos do dia para a noite nos tornarmos grandes, um Grêmio, um Inter, um Cruzeiro? Não estou criticando ninugém, mas na exigência que esta, nossa torcida pergunta se vamos continuar, sim, pois, ainda não construímos o clube que queremos construir".

Patrocínios e investimentos

Petraglia – "Contratamos uma empresa para vender a marca. Agora, queremos Naming Rights do CT. Sem dinheiro, não se faz futebol. Jogador só tem dinheiro e contrato na cabeça. Ele está preocupado com a conta bancária no final do mês. Nós precisamos de 20 mil ou 30 mil sócios, caso contrário não faremos futebol sem essa verba. Temos que buscar isso. Está difícil vender jogadores. Como torcedor, quero o melhor clube das Américas e isso é possível. Só estou aqui pelo desafio de provar que é possível, e é possível, pois sair de onde saímos, 99% não acreditavam. Como vamos competir os R$ 130 milhões do Inter ou os R$ 150 milhões do São Paulo se temos uma receita de R$ 40 milhões por ano. O futebol é um negocio que é somente dinheiro".

Claiton e Ferreira

 
 Imprensa compareceu em massa na coletiva
 Foto: Site Oficial CAP

Petraglia – "O Claiton ganhava R$ 80 mil no Flamengo e veio para cá ganhando R$ 28 mil, com o compromisso de liberá-lo, caso houvesse proposta do Japão. Ele recebeu uma proposta de US$ 1,3 milhão por dois anos. Como mantê-lo? Digamos que fizéssemos, como ficariam os outros? O Jancarlos fugiu, aqinda ontem administrávamos o problema com o Danilo, o Dagoberto, o Aloísio e o Marco Aurélio Cunha estavam ligando para ele arranjar algo e ir para lá. Isso convivemos todos os dias. O Ferreira está há três anos conosco. Veio, fizemos um sacrifico para mante-lo. Houve a proposta de 120 dias para ele ganhar um apartamento na cidade dele. Não temos condições de sustentar salário. O guilherme ganhava R$ 8 mil e veio uma oferta de US$ 600 mil por ano. Se não aceitássemos perderíamos o jogador e o dinheiro. O que me entristece é a deformação das informações. A partir de 2009, a FIFA fará o registro de todos os clubes, as transferências serão on-line. Nós gostamos disso, pois quanto mais transparência melhor.

Fleury – "Até parece que saem dois jogadores e jogamos com nove. Não posso aceitar a queda de rendimento. Há fatores, temos elenco e várias coisas influenciam".

Títulos e estrutura

Petraglia – "Baseado em que não queremos ganhar títulos? Só existe uma máxima no futebol que é ganhar títulos. Não passava pela cabeça de ninguém sair da Copa do Brasil. Somente em um campeonato de pontos corridos o melhor vence. Claro que temos consciência que somos melhores. Como transmitir aos torcedores? A necessidade de investir é o meio para ganhar e ganhar. Não estamos no eixo Rio-São Paulo. O berço é o Rio de Janeiro. Nós estamos fora do eixo. O Grêmio tem 50 mil sócios e o Inter tem 80 mil. Em 1983, o Grêmio era campeão do mundo".

Fleury – "Eu como torcedor quero ser campeão, quero ganhar títulos. Precisamos lembrar de antigamente, quando

 
Presidentes querem mais participação da torcida
Foto: Site Oficial CAP

ganhávamos títulos a cada 12 anos e o torcedor chorava na bandeira. Acho que falta espelho na própria casa. Os outros clubes já vem com estrutura pronta. Se hoje estamos investindo em patrimônio, é porque precisamos. Os clubes cariocas têm o Maracanã desde 1950, os paulistas tinham o Pacaembu. Queremos ganhar e jogar contra os grandes times da América. Necessitamos construir, tínhamos títulos de protesto, somente quando tivermos estrutura. Seria simplório e simplista trazer jogadores".

Mercado

Petraglia – "De cinco anos para cá, há uma concorrência grande no mercado. Times grandes e emergentes, como o nosso, disputam jogadores. Todos partiram para a mesma política. Mudou o mercado, isso que fizemos lá atrás, investir em atletas semi-prontos, todos fazem. Hoje temos procuradores, clubes de fachada e agentes, virou um negócio depois da Lei Pelé. Hoje, temos atletas de 12, 13, 14 anos com procuradores".

Copa do Mundo e Timemania

Petraglia – "Nós temos a oportunidade de dar um grande salto com a Copa do Mundo. O Rio Grande do Sul está garantido e porque nós não estamos incluídos? Nossa cidade é melhor, mas não fomos sequer visitados pela FIFA. O que vamos conseguir com a Copa é dar um salto e para todos. Vem investidores e isso sobra para todos. Mas, quando vejo essa autofagia, me entristece. O que quer a torcida? Tem que ganhar títulos e quem não quer? Não vamos endividar o clube. Nós amamos esse clube e vamos fazer o possível para ganhar todos os jogos. Me preocupa a Timemania, o rateio, que vamos ganhar o mínimo. Nós vamos ficar com o rabo de cavalo, por isso precisamos que a torcida participe.

Sócios

 
 Presidentes falaram sobre o time e reforços
 Foto: Site Oficial CAP

Petraglia – "Precisamos de no mínimo 20 mil sócios pagantes. Nossos cálculos são de R$ 800 mil por mês, o que já podemos investir na folha e aumentar. Além disso, temos que buscar alternativas, temos o memorial, centros comerciais, hotel, enfim, temos um monte de idéias para faturar e fazer time. Somente a TV, bilheteria e merchandising dá um furo de 50%. Analisamos todos os clubes e ninguém sobrevive sem vender jogador. Estamos com as vendas no sistema anterior. Temos atendimento de 100 a 120 pessoas. Precisamos ter sócios para formar bons times. Já tivemos bons times e não tivemos sócios. Eles estão participando, mas precisamos do dobro".

Fleury – "Faço um grande apelo para que continuem acreditando e se associando. Queremos fazer o clube o maior das Américas".

Reforços e atletas

Petraglia – "O Kleber Pereira queremos, mas tem que ter dinheiro, depende de caixa, tendo grana, traz. Nós temos 80 atletas entre 16 e 19 anos, não custa nada, estamos formando. Temos atletas que formamos, como Tição, o Evandro, emprestados. O próprio Kleber foi xingado na Arena. Temos quantidade, mas analisamos 120 e quantos compramos? O Atlético não tem hábito de investir em atletas caros. O Kelly decidiu se recuperar no CT. Fez uma nova cirurgia para recuperação e temos interesse. Mas, para estar em forma, vai no mínimo 90 dias".

Comunicação

Petraglia – "O homem é primário na comunicação. As coisas são entendidas, posso ficar pregando no deserto, pois a boa notícia não é notícia. O torcedor tem que ter consciência do que fomos, do que somos e do que seremos. O que precisamos é fazer mais do que fizemos. Nossa torcida é fanática e participante. Nossa missão é fazer com que eles participem mais. Amanhã, quando formos campeões mundiais, vão querer o bi e depois o tri".

Arena

Petraglia – "Temos projeto pronto, com Copa ou sem a Copa. Precisamos da decisão da vinda da Copa. Se não vier, não precisaremos de toda sofisticação. A primeira parte de arquibancadas é a mesma, é o mesmo projeto. Estamos atrás dos recursos iniciais. Se tudo correr bem até 120 dias apresentamos o projeto. Não iremos começar sem todos os investimentos garantidos".

 

 

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