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A consolidação do ídolo Nikão
Se eu falar que Maycon Vinicius Ferreira da Cruz tem quatro títulos e mais de 200 jogos com a camisa do Athletico Paranaense você poderá ficar quebrando a cabeça, tentará puxar na memória qual jogador já alcançou esses números em algum momento pelo Clube.
Mas se eu disser que ele farda o número 11 e é um dos maiores ídolos da história do Clube, atendendo pela alcunha de Nikão, tudo fica mais simples.
São 223 aparições com a camisa athleticana, 28 gols marcados e títulos do Campeonato Paranaense, Conmebol Sul-Americana, Levain Cup e Copa do Brasil.
“Até que não é uma coisa ruim, não. Mas esse rótulo de ídolo eu deixo para as pessoas de fora”, disse o mineiro de Montes Claros, que complementa. “Se Deus me agraciar com esse rótulo, eu ficarei muito feliz e eternamente grato ao Clube por poder estar numa prateleira onde poucos estão”.
Realmente, será difícil estar na mesma “prateleira” de Nikão quando o assunto for entrega e conquista pelo Furacão. Em cinco anos de Athletico, o camisa 11 dominou a pressão, driblou a desconfiança e marcou um golaço com belas apresentações e títulos conquistados.
“Cheguei em torno de 9kg acima do peso. Um jogador que chega desta maneira num clube já chega um pouco desacreditado, sem muito crédito. Mas eu, como atleta, nunca duvidei do meu talento”, explicou o jogador, que já declarou em diversas oportunidades que a chegada ao Furacão marcou uma mudança tanto na vida profissional, quanto na pessoal.
“Procuro me dedicar e honrar sempre essa camisa, ter gratidão no sentido de entrar em campo e deixar tudo por esse Clube que fez tudo por mim. Tudo o que sou hoje profissionalmente eu devo ao Athletico. Primeiramente a Deus, mas devo ao Athletico e ao presidente Petraglia, que acreditou no meu trabalho”, acrescentou.
Seu primeiro ano não teve o brilho de conquistas, mas já com a camisa 11 ele foi um dos destaques da equipe naquela temporada. O ano seguinte reservou o primeiro título, um Campeonato Paranaense vencido em cima do maior rival, com autoridade.
Todo o caminho foi sendo traçado para que Nikão chegasse em 2019 como uma das principais peças do Rubro-Negro. Ele foi ganhando experiência, participou da primeira Libertadores em 2017, venceu a Sul-Americana em 2018 e, nesta temporada…
“O melhor ano dentro do Clube”, afirmou, sem pestanejar. “Foi um ano onde já chegamos pressionados. No futebol, é desta forma. Quando você ganha, tem pressão para continuar vencendo. Quando perde, tem pressão para vencer. Mas era uma pressão gostosa, sabíamos que só dependeria de nós para fazermos história”, ressaltou.
A história começou a ser escrita ainda na Libertadores. A goleada sobre o Boca Juniors, na fase de grupos, mostrou que esse time tinha algo de especial. Noites de quarta-feira ficarão eternamente marcadas na memória dos athleticanos, pois, depois do referido jogo, ainda vieram grandes partidas, contra Fortaleza, Flamengo, Grêmio e, por fim, Internacional. Título inédito da milionária Copa do Brasil.
E os fatores determinantes para o título? Para Nikão, sem dúvidas, foram a nossa casa e a nossa torcida.
“Quando veem a Arena lotada, nos incentivando, nos empurrando, as equipes adversárias ficam com medo, elas tremem de verdade. Jogadores já me confidenciaram isso”, revelou. “Isso é motivo de alegria para todos nós. Que venham muitos mais anos desta maneira para continuarmos conquistando títulos”, completou.
E o primeiro desses muitos anos está logo aí. “Esperamos que seja mais um ano de vitórias, de conquistas. Mais uma vez, vamos contra tudo e contra todos”, disse Nikão.
Bônus
O final da temporada, mais especificamente a partida contra o Grêmio, pela 35ª rodada do Campeonato Brasileiro, mostrou um fato que há tempos não acontecia: Nikão foi para a marca da cal e bateu um pênalti!
Para explicar o porquê da curiosidade deste fato, precisamos voltar um pouco no tempo. Em 10 de setembro de 2017, o Furacão recebeu o Coritiba para uma partida do Campeonato Brasileiro. Na primeira etapa, Nikão se encarregou de cobrar um pênalti. Ele deslocou o goleiro, mas a bola tocou na trave. Em seguida, na única chance que criou na partida, o Coritiba marcou um gol em jogada de bola parada – o jogo terminou empatado em 1 a 1.
Na saída de campo, no intervalo, o camisa 11 disse em entrevista que nunca mais bateria um pênalti com a camisa do Furacão.
Voltamos, agora, ao dia 27 de novembro de 2019, Athletico x Grêmio, no Caldeirão. Enquanto o árbitro revia o lance na tela do VAR, Nikão já esperava pacientemente com a bola na marca do pênalti, só esperando a confirmação. Com a batida característica, forte e de qualidade, Nikão converteu um gol que demorou mais de dois anos para sair.
Qual a explicação para, depois de tanto tempo, decidir voltar a cobrar pênaltis, Nikão?
– Sou o tipo de pessoa que, quando falo alguma coisa, eu sustento. De lá para cá, tiveram vários pênaltis e eu não peguei a bola para bater, embora eu seja um dos batedores. Sempre sustentava isso. De uns tempos para cá, a comissão técnica me cobrava isso, os atletas também. ‘Por que você não bate?’. Aí eu disse que quando tivesse um pênalti, eu bateria. No jogo contra o Botafogo, o Cirino pediu para bater, estava confiante. Contra o Grêmio, tive a oportunidade de quebrar de vez o que eu tinha falado. Fui feliz em ter chegado lá e concluído em gol. Espero que apareçam mais uns 30 pênaltis e que eu possa bater e converter todos – brincou Nikão.
Fotos: Miguel Locatelli/Site Oficial
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JOSIEL JANTARA
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