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Adeus à Majestade! Há 71 anos, Caju se despediu do arco rubro-negro

Créditos: Acervo histórico/Athletico Paranaense

Ele reinou sob as traves por 17 anos. Entre 1933 e 1950, a escalação do Athletico quase sempre começou com Caju. Nesse período, uma lenda se formou. Atuações antológicas, seis títulos estaduais, passagem brilhante pela Seleção Brasileira…

No dia 12 de março de 1950, Alfredo Gottardi entrou no campo do Joaquim Américo para defender o arco rubro-negro pela última vez. Era um jogo de festa, em que o histórico Furacão enfrentava uma seleção com jogadores das outras equipes do Estadual de 1949.

Carregando a faixa de campeão recém-conquistada de forma avassaladora, o Athletico enfrentaria um time pouco entrosado, mas que contava com alguns dos melhores jogadores do estado. Todos sedentos por dar uma resposta às implacáveis goleadas rubro-negras.

Caju não havia jogado nenhuma das partidas do campeonato de 1949. Já no final da carreira, tinha cedido a posição de titular para Laio, a “Fortaleza Voadora”. Ao longo da temporada, jogou apenas amistosos, como a goleada de 5 a 2 sobre o Fluminense.

Mas naquela tarde de 1950, era ele quem vestia a camisa 1. Sua presença era apontada como a grande atração pelos jornais. Todos queriam ver em que forma o “velho” Caju, aos 34 anos, iria se apresentar.

O Athletico ia a campo com quase toda a formação clássica do Furacão. Apenas Laio dava seu lugar a Caju e o zagueiro Waldemiro era desfalque, substituído por Coquemala.

A chamada “Seleção dos Seis” (os seis clubes além do Athletico que disputaram o campeonato de 1949) tinha os principais jogadores de Ferroviário, Água Verde, Coritiba, Palmeiras, Britânia e Juventus.

Da goleada ao empate

O Athletico iniciou a partida fazendo valer a fama do Furacão. Em seis minutos de jogo, já vencia por 2 a 0, com gols de Neno e Jackson. A seleção descontou com um tento de Rosinha, ponta direita do Ferroviário, mas Cireno marcou mais um ainda no primeiro tempo.

No início da segunda etapa, Neno fez o quarto do Rubro-Negro. Não demorou muito e Jackson ampliou para 5 a 1. Era o Athletico avassalador que ia construindo mais uma goleada. Caju mal havia tido trabalho.

Mas o Furacão se acomodou com o placar. O técnico Motorzinho tirou Nillo, Waldir e Neno do time. Cireno armou mais uma de suas históricas confusões, ao revidar uma entrada violenta de Nelsinho, e acabou expulso.

O time dos Seis aproveitou para reagir. Foram quatro gols de jogadores do Ferroviário: Darci, Nelsinho e dois do craque Tocafundo, que anos depois seria o capitão do Athletico no título de 1958.

Segundo os jornais, Caju não falhou em nenhum dos gols da Seleção dos Seis. Se não foi o goleiro brilhante dos tempos áureos, também não comprometeu. Em um jogo festivo, era uma atuação honrosa da Majestade do Arco.

Lenda imortal

A despedida de Caju não foi anunciada ao público que estava no Joaquim Américo. Mas seria mesmo a última partida do célebre arqueiro no time profissional do Furacão.

Com contrato de amador, como sempre ao longo de sua carreira, Caju ainda faria outra partida de despedida pelo time de Aspirantes. Não com a camisa 1, mas como centroavante, em uma partida contra o Água Verde, no dia 16 de julho.

Alfredo Gottardi seguiria sendo presença constante em partidas de veteranos, como diretor, treinador, mestre de obras na reforma da Baixada em 1967… E sempre como torcedor, nas arquibancadas do Caldeirão. Até nos deixar em 2001, aos 85 anos.

Mas o nome de Caju segue vivo, batizando o maior centro de treinamentos e formação de atletas do país. E na lenda do maior goleiro que o futebol paranaense já viu.

Na história: Athletico Paranaense 5×5 Seleção dos Seis
Amistoso
Data: 12/03/1950
Local: Estádio Joaquim Américo
Árbitros: Kalil Karan Filho (1º tempo) e Júlio Afonso Mendes (2º tempo)

Athletico Paranaense: Caju; Nillo (Délcio) e Coquemala; Waldir (Joaquim), Wilson e Sanguinetti; Viana, Rui, Neno (Guará), Jackson e Cireno
Técnico: Ruy Santos (Motorzinho)
Gols: Neno (2), Jackson (2) e Cireno
Expulsão: Cireno

Seleção dos Seis: Willian (José); Nelson e Zaleski (Pontes); Nelsinho (Tibica), Tocafundo e Sanford (Claudio); Rosinha, Lanzoninho, Leônidas, Darci e Waldomiro
Técnicos: Edgard Antunes e Emédio Tales de Souza
Gols: Rosinha, Darci, Nelsinho e Tocafundo (2)

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