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Do favoritismo à despedida de um ídolo: A primeira fase da CONMEBOL Sul-Americana
O Athletico Paranaense disputa a final da CONMEBOL Sul-Americana daqui a cinco dias, no Estádio Centenário, em Montevidéu [Uruguai]. Contra o Red Bull Bragantino, o Furacão vai tentar fechar com medalha de ouro uma caminhada que iniciou no dia 20 de abril, com a primeira partida na competição.
Na temporada 2021, a CONMEBOL apresentou um novo formato de disputa para a CONMEBOL Sul-Americana. Diferentemente dos anos anteriores, onde todas as etapas eram eliminatórias (mata-mata), neste ano o torneio apresentou um formato com fase de grupos. Foram oito grupos com quatro participantes, totalizando 32 equipes, das quais apenas oito avançariam para as oitavas de final, ou seja, apenas os primeiros colocados de cada grupo.
“No sorteio da fase de grupos éramos o time mais forte, o time que antes de começar os jogos era candidato a se classificar”, disse o ex-jogador Lucho González, campeão em 2018 e que pendurou as chuteiras justamente durante a fase de grupos do torneio continental. “Assumimos essa responsabilidade com muito compromisso, muita responsabilidade. Foram viagens longas, logísticas difíceis para todo o pessoal do clube. Isso não deve ser esquecido. Todos os sacrifícios que fizemos no começo, hoje são recompensados pelo time estar na final”, relembrou o argentino.
Lucho González atuou em duas partidas da fase de grupos, a primeira e a última, ambas contra os equatorianos do Aucas. O primeiro jogo, em Quito [Equador], a cerca de 4.200 quilômetros de Curitiba, terminou com uma suada vitória pelo placar de 1 a 0. Lucho entrou no final da partida, substituindo Nikão.
“Essas viagens, esses momentos que passamos juntos, são momentos bons para ir criando esse espírito vencedor, de conquista, sabendo que tínhamos coisas difíceis para superar. São momentos que acabam dando muita força para o que vem pela frente, pois sabemos que os esforços do começo são recompensados no final”, destacou o antigo camisa 3.
Em seguida, uma vitória em casa contra o Metropolitanos, da Venezuela. Na terceira rodada, um revés perigoso contra o Melgar, no Peru. Mas, na sequência, uma vitória fora de casa contra o Metropolitanos, em Caracas, e dois triunfos em casa, contra Melgar e Alcas, acabaram por selar o favoritismo do Furacão, que ficou com a primeira colocação no grupo. Confira, no final desta matéria, os melhores momentos de todos os jogos do Athletico na fase de grupos da CONMEBOL Sul-Americana.
“O sucesso da primeira fase foi justamente o comprometimento de todo o grupo, de cada um assumir sua responsabilidade, de querer o melhor para o time. Quando se tem essa força dentro de um grupo, o time acaba se destacando, jogue quem jogar. Isso foi fundamental para o time acabar a primeira fase na primeira posição”, afirmou Lucho.
Neste sentido, para o multicampeão, não houve um destaque na primeira fase que não todo o grupo athleticano. “Saíam alguns jogadores, entravam outros e o rendimento era o mesmo. Óbvio que tem jogadores que vivem momentos pessoais melhores do que outros, é normal em uma temporada um jogador atravessar essas fases. E é justamente isso, quando um jogador não está no melhor nível, o outro companheiro ajuda, dá força. Esse é o grande segredo do grupo até hoje”, ressaltou.
O fim de uma carreira brilhante
A última partida da fase de grupos também marcou a despedida dos gramados de Lucho González. Foram 23 anos numa trajetória pra lá de vitoriosa nos gramados da América do Sul e da Europa, com quatro títulos conquistados somente no Athletico.
O jogo contra o Aucas, no dia 27 de maio, até teve um caráter festivo. Mas o clima era de tensão, afinal, para garantir a passagem de fase e fazer valer o favoritismo, o Rubro-Negro não poderia ser derrotado. Na cabeça de Lucho, também não havia outro resultado possível a não ser a vitória.
“A única coisa que eu queria era que vencêssemos esse jogo. Era importante pela classificação e por ser meu último jogo. Não queria que ficasse marcado com uma derrota ou um empate”, destacou. “Meus companheiros entenderam a mensagem e foi uma noite mágica, me emociono até hoje”, completou.
Um detalhe curioso é que todas as cinco partidas anteriores haviam terminado com o placar de 1 a 0, as quatro vitórias e a única derrota até aquele momento. Mas num jogo especial como este, na despedida de um ídolo, a rede estava predestinada a balançar um pouco mais.
Lucho iniciou como titular, mas já estava decidido que ele sairia aos três minutos, em referência ao número que carregou nas costas durante grande parte da carreira. Ficou um pouco mais em campo, pois a bola insistiu em não sair para que a substituição pudesse ser realizada no minuto planejado. Em seu lugar entrou Christian, que aos 25 minutos marcou o primeiro gol da partida e homenageou “El Comandante” na comemoração. Faltou o Caldeirão fervendo, vibrando em mais uma “noite de copa”, mas a pandemia não permitiu a presença de público na despedida do ídolo.
“A torcida não pôde comparecer, mas o carinho, o afeto que fizeram chegar até mim, com mensagens e vídeos, foi muito grande. Sobretudo, as homenagens dos companheiros, me dedicando os gols, comemorando como eu comemorava, são coisas impagáveis. Continuo vendo os vídeos e me emociono, fico imaginando se tivesse a torcida”, falou González.
A goleada por 4 a 0 ficou completa quando Abner, Vitinho e Carlos Eduardo marcaram, todos com homenagens ao craque que assistia a tudo e vibrava do banco de reservas.
Agora, a final
E teria Lucho a chance de colocar mais uma conquista em sua galeria em caso de título do Furacão?
“A medalha vai contar, terão que me entregar”, brincou o ex-jogador. “Sabemos que é diferente quando se está no dia a dia do clube. A única coisa que eu quero é que o Athletico seja campeão novamente. Não por somar mais um título, nem sei se isso conta verdadeiramente, mas sim pelo grupo. Estarei torcendo porque conheço as pessoas do clube, sei como trabalham e como ficariam felizes com mais uma conquista como essa”, enfatizou.
E aquela famosa frase que “final não se joga, final se ganha”? Qual seria a frase para o vestiário no jogo contra o Red Bull Bragantino?
“Hoje temos um grande capitão que é o Thiago Heleno, que já conquistou e viveu muitas coisas no futebol, outros jogadores muito experientes que têm vencido dentro do clube, como o Santos, Nikão, o próprio Márcio Azevedo. Eles sabem o que falar, o que fazer, têm experiência de terem disputado finais. Eu quero que no final seja o Thiago Heleno levantando mais essa taça para a torcida athleticana”, afirmou Lucho.
Veja como foi a caminhada do Rubro-Negro na fase de grupos da CONMEBOL Sul-Americana:
20.04.2021 – Aucas 0x1 Athletico
28.04.2021 – Athletico 1×0 Metropolitanos
04.05.2021 – Melgar 1×0 Athletico
11.05.2021 – Metropolitanos 0x1 Athletico
19.05.2021 – Athletico 1×0 Melgar
27.05.2021 – Athletico 4×0 Aucas
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