Acreditar até o último instante, mesmo quando tudo parece perdido. Ao longo da história do Athletico, a lição se repete em jogos heróicos e triunfos memoráveis. Entre eles, poucos são tão marcantes quanto a “batalha” com o Sporting Cristal, na CONMEBOL Libertadores 2014.

A Vila Capanema foi o cenário da virada épica. Placar adverso até os 52′ do segundo tempo. Praticamente eliminado nas cobranças de pênalti. Quando todos já o davam como derrotado, o Furacão se reergueu para classificação, em uma noite de sofrimento e êxtase.

Para relembrar esse jogo que virou lenda, conversamos com o autor do gol que fez o Athletico renascer naquela disputa. Para o artilheiro Ederson, aquele foi um dos momentos mais marcantes de toda sua carreira no futebol.

Lutando até o último suspiro

“Aquele jogo representa muito para nós, torcedores do Athletico, porque nós não desistimos nunca. Deixa a lição de que temos que acreditar até o último minuto. Porque o Athletico sempre surpreende e conquista o que quer”, diz Ederson.

A história dessa jornada começa com uma derrota por 2 a 1, no Peru. Era a primeira partida do time principal na temporada e o Furacão sofreu com a pressão do time da casa. Pela circunstância, o revés com diferença mínima foi recebido com alívio pela torcida.

Todos estavam confiantes que o Rubro-Negro poderia reverter o placar no jogo de volta. Mas ninguém poderia imaginar o que aconteceria na noite de 5 de fevereiro.

“Foi um dos jogos mais importantes para mim. E para a torcida, é memorável. Ficou muito marcado por mostrar que nós, athleticanos, não podemos desistir nunca”, afirma o principal goleador daquela equipe e um dos protagonistas daquela noite.

Um primeiro tempo de muita pegada e placar fechado, com uma expulsão para cada lado. Na segunda etapa, gol de cabeça de Manoel, aos 14′. Mas um balde de água gelada no lance seguinte, com Ávila empatando novamente para o Sporting Cristal.

O resultado dava a classificação ao Sporting Cristal. O Rubro-Negro martelava de todas as formas. Aos 49′, bombardeio na área do Sporting Cristal. Mosquito chutou e o goleiro defendeu. Fran Mérida pegou o rebote e Penny salvou de novo. Nathan chutou e a zaga conseguiu cortar. Cléberson tentou de carrinho e Ortiz tirou com a mão. Pênalti!

O cronômetro já marcava 52′ quando Ederson foi para a cobrança e, com frieza, deslocou o goleiro, marcando o gol redentor.

“Eu tive a possibilidade de fazer o segundo gol, mas poderia ter sido o Cleberson. O cara tirou com a mão em cima da linha. Poderia ter sido o Mosquito, que chutou e o goleiro defendeu…”, lembra o atacante.

As penalidades decidiram o confronto. E mais uma vez foi preciso renascer para conquistar a vitória. O Athletico perdeu duas cobranças. O adversário teve duas chances de matar o confronto. Mas Weverton defendeu o chute de Delgado e Calcaterra bateu por cima.

Hora das cobranças alternadas. Um gol para cada lado. Manoel marcou mais um para o Furacão. E quando Pedro Aquino acertou no travessão, o delírio tomou conta da Vila. O Rubro-Negro estava classificado para a fase de grupos!

“Na hora dos pênaltis, foi muito sofrimento. Uma hora a gente estava quase classificado, outra hora a gente estava ficando fora. Realmente algo muito marcante até hoje”, recorda Ederson, que foi o responsável pela primeira cobrança athleticana e mandou para a rede.

Hoje vivendo em Natal (RN), Ederson vê com orgulho o Furacão chegar à final da CONMEBOL Libertadores. E com a sensação de ter sua parte na trajetória que trouxe o clube até aqui.

“Me sinto muito honrado por ter feito parte desta história. Quando eu cheguei, em 2006, eu lembro que o restaurante do CT ainda estava coberto de lona, em reforma. Estavam fazendo muitas coisas. Dali em diante, só foi crescendo. Lembro muito bem a entrevista do Petraglia dizendo que o Athletico seria campeão mundial. Estamos no caminho certo”, atesta o artilheiro.

“Tenho plena confiança de que o Athletico pode ser campeão, apesar da qualidade do outro lado. É só um jogo. Então, é o jogo da vida! Não existe motivação maior do que estar em uma final de Libertadores. É aquele jogo que se jogar um colete para cima, quem pegar vai entrar e jogar o melhor jogo de sua vida. Tenho certeza”, completa.

Na história: Athletico Paranaense 2 (5) x (4) 1 Sporting Cristal 
CONMEBOL Libertadores 2014: Primeira fase – Jogo de volta
Data: 05/02/2014 (quarta-feira)
Horário: 22h
Local: Estádio Durival Britto e Silva (Vila Capanema), em Curitiba

Público pagante: 9.156
Público total: 10.372
Renda: R$ 202.275,00

Árbitro: Antonio Arias (Paraguai)
Assistentes: Rodney Aquino (Paraguai) e Carlos Cáceres (Paraguai)

Athletico Paranaense: Weverton; Sueliton (Nathan), Manoel, Cleberson e Natanael; Deivid, Paulinho Dias (Mosquito) e Zezinho; Douglas Coutinho (Fran Mérida), Ederson e Marcelo
Técnico: Miguel Ángel Portugal
Gols: Manoel, aos 16′, e Ederson, aos 52′ do segundo tempo
Cartões amarelos: Cleberson e Deivid
Cartão vermelho: Zezinho, aos 18′ do primeiro tempo

Sporting Cristal: Diego Penny; Cossio, Ortiz, Balbín e Delgado; Calcaterra, Carlos Lobatón, Yotún (Maximilano Nuñez) e Jorge Cazulo; Leguizamón (Aquino) e Ávila (Luís Advíncula)
Técnico: Daniel Ahmed
Gol: Ávila, aos 17′ do segundo tempo
Cartões amarelos: Cazulo, Penny, Cossio, Yotún, Aquino
Cartões vermelhos: Balbin, aos 18′ do primeiro tempo; Cossio, aos 20′, e Ortiz, aos 49′ do segundo tempo

O Athletico na CONMEBOL Libertadores de 2014

Ao passar pelo Sporting Cristal na primeira fase, o Athletico garantiu um lugar no Grupo 1. Os adversários foram Vélez Sarsfield (Argentina), The Strongest (Bolívia) e Universitário (Peru). Em seis partidas, o Rubro-Negro somou nove pontos, com três vitórias e três derrotas.

Primeira fase
29/01/2014 – Sporting Cristal 2×1 Athletico
05/02/2014 – Athletico 2 (5) x (4) 1 Sporting Cristal

Fase de grupos
13/02/2014 – Athletico 1×0 The Strongest
25/02/2014 – Vélez Sarsfield 2×0 Athletico
13/03/2014 – Universitario 0x1 Athletico
20/03/2014 – Athletico 3×0 Universitario
26/03/2014 – Athletico 1×3 Vélez Sarsfield
08/04/2014 – The Strongest 2×1 Athletico 

Fotos: Gustavo Oliveira/athletico.com.br