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Premier League: melhor campeonato do mundo deve ser parâmetro para o futebol brasileiro

Foto: José Tramontin/athletico.com.br

Quem acompanha o futebol internacional não tem dúvidas. A Premier League é o melhor campeonato do mundo atualmente. Afirmação que é constatada ao assistir ao espetáculo das equipes em campo, mas também ao se analisar os dados financeiros da Liga Inglesa.

Não é por acaso que, nas negociações para a criação da Liga Brasileira, a maioria dos clubes aponta a Premier League como o parâmetro a ser seguido.

A Liga Inglesa é a competição de futebol mais valiosa do planeta, com larga vantagem em relação a outras ligas de grande prestígio, como a espanhola e a alemã. Para o período de 2022 a 2025, os direitos de transmissão domésticos e internacionais estão avaliados em 10,4 bilhões de libras, o equivalente a quase R$ 63 bilhões.

Mas esses valores não explicam por si só a qualidade do espetáculo mostrado pelas equipes inglesas em campo. Afinal, não basta apenas um bom time para se ter um bom jogo. Um sistema que preza pelo equilíbrio entre os competidores é fundamental.

A divisão do bolo

Na Premier League, 68% das receitas obtidas com os direitos de transmissão domésticos, internacionais e de marketing são divididos de forma igualitária entre os clubes. Os 32% restantes são divididos de acordo com o mérito esportivo (posição de cada equipe na competição) e a audiência (basicamente, o número de partidas transmitidas).

Na última temporada, o valor distribuído ao clube que ficou a maior fatia das receitas distribuídas pela liga foi apenas 1,6 vezes maior que o valor recebido pelo clube que ficou com a menor parte do bolo.

A divisão do dinheiro praticamente repete a tabela de classificação do campeonato. Quem mais faturou foi o campeão Manchester City: 161,3 milhões de libras. Quem menos recebeu foi o lanterna Norwich: 100,3 milhões de libras.

A distribuição equilibrada dos recursos é fator fundamental para o sucesso da Liga Inglesa. O fortalecimento financeiro de todos os clubes leva à formação de mais equipes de grande qualidade técnica, criando um círculo virtuoso: a qualidade do espetáculo atrai mais público, aumentando o valor do campeonato, o que gera mais recursos a serem distribuídos.

Portanto, o modelo que equilibra a divisão dos valores obtidos com os direitos de transmissão não prejudica os clubes de maior torcida. Afinal, isso representa apenas uma parte das receitas obtidas por eles. Outras fontes de recursos (merchandising, bilheteria, etc) também crescem, impulsionadas pela qualidade do espetáculo oferecido ao público, que tende a crescer cada vez mais.

A luta dos clubes brasileiros

Nas negociações para a criação da Liga Brasileira, a Premier League inglesa é a referência adotada pelo grupo que reúne a maioria dos clubes das Séries A e B. O Athletico Paranaense está entre eles, na luta por uma divisão mais justa das receitas obtidas pelo campeonato, em uma fórmula que beneficia todo o futebol nacional.

A proposta apresentada em conjunto por esses clubes defende o seguinte modelo:

I) Divisão de receita de 50% de forma igualitária, 25% por performance e 25% por critérios comerciais, com parâmetros objetivos e mensuráveis;

II) Diferença de receita entre entre maior e menor clube tendo como alvo o limite de 1,6 ao longo do tempo (referência Premier League), com teto de 3,5 a partir do primeiro ano;

III) Compromisso de que a Série B receba 20% dos recursos de venda dos direitos de transmissão.

Esta proposta se contrapõe à formulada pelo grupo integrado pelo Flamengo e por grandes cinco clubes paulistas (Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos e Red Bull). No modelo apresentado por essas agremiações, o percentual das receitas dividido de forma igualitária é de apenas 40%.

Como resultado desse modelo, o clube a quem seria destinada a maior cota receberia sete vezes mais que o clube com a menor fatia das receitas. Um cenário que significaria a perpetuação das desigualdades no futebol brasileiro. A continuidade do sistema que deixa o outrora “país do futebol”, de fora da listas dos melhores campeonatos do mundo.

O equilíbrio na divisão das receitas da futura Liga Brasileira, com um modelo justo de distribuição dos recursos obtidos com a venda dos direitos de transmissão, é uma premissa fundamental. Uma necessidade inescapável para que o país volte a figurar entre os mercados mais importantes do futebol mundial. E para que nosso campeonato seja novamente um dos melhores e mais valorizados do planeta.

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