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“São coisas mais importantes que troféus”

Créditos: José Tramontin/athletico.com.br

A Baixada nunca esteve tão vazia. Quando o relógio marcou 21h35 nesta quinta-feira, dia 27 de maio de 2021, Lucho González caminhou até a linha lateral, abraçou Christian e disse adeus à carreira de atleta profissional.

O sonho de qualquer criança apresentada ao futebol é viver como Luís Óscar González viveu nos últimos 22 anos. Nas canchas da Argentina, da Europa, do Brasil… Das Olimpíadas e da Copa do Mundo. Marcando gols e erguendo troféus.

Fazendo a alegria do povo em cinco países e três continentes.

“No dia de hoje, a quantidade de mensagens que recebi, companheiros que tive a sorte de jogar que me ligaram, se lembraram de mim… Essas pequenas coisas, essa recepção no vestiário que tive dos meus companheiros, o reconhecimento deles, acho que são as coisas mais importantes que levo de minha carreira, o reconhecimento dos torcedores nos clubes onde passei. Quando se recebe esse tipo de mensagens, é muito mais importante do que qualquer título que tive a sorte de ganhar”.

A história nos deu a honra de que nos últimos momentos dessa trajetória, a alegria fosse do povo athleticano. Foram seis temporadas em que um dos maiores vencedores da história do futebol vestiu a camisa rubro-negra.

E Lucho a vestiu como está escrito em nosso hino. Com o mesmo amor que dedicou ao esporte desde os campos de Parque Patricios.

“Significou muito. Um contrato que começou com um ano e três meses e acabou sendo cinco. Isso resume um pouco o que foi minha passagem aqui por este grande clube. Acho que o mais importante que um jogador pode conseguir são títulos onde passa, pois é algo que ninguém consegue apagar, esquecer e que no decorrer dos anos sempre serão lembrados. Então, as conquistas que consegui, que nosso grupo conseguiu, serão sempre lembradas e acho que esses são os momentos mais importantes que vivi aqui no clube”.

Uma CONMEBOL Sul-Americana, uma Levain Cup, uma Copa do Brasil, um Campeonato Paranaense. Uma era de nossa história que levará para sempre a marca de seu nome.

Nesta quinta, foram mais cinco minutos no campo do Joaquim Américo. O “troféu” de melhor em campo como uma homenagem da CONMEBOL. E mais uma vitória. Uma jornada com cara de fim, de início e de meio.

“Já deixei muito claro que vou tentar começar uma carreira como treinador. Tenho muita consciência que é completamente diferente do que foi minha carreira como jogador. Para isso tenho que me preparar. De todos aqueles treinadores que tive a sorte de ter, sobretudo me deixaram muitas coisas na parte humana que considero o mais importante, então entre todos aqueles por quem fui treinado, não consigo nomear um dois, mas sempre tentar tirar algo de positivo de todos eles”.

Depois da última entrevista coletiva, Lucho voltou ao campo de jogo. E no silêncio do Caldeirão, fez a despedida definitiva do estádio que foi sua casa nos últimos anos de um sonho vivido. E que será sua casa para sempre. Instantes antes, tinha falado sobre a única decepção vivida nesta noite quase perfeita.

“A única coisa triste foi isso, não ter a nossa torcida, que é um fator fundamental dentro desse clube. Foi algo triste, mas sabemos que estamos vivendo um momento delicado, complicado, no mundo todo. Temos que agradecer também outros aspetos da vida. O que tenho são palavras de agradecimento, de me sentir feliz de ter me aposentado num clube com uma torcida tão fanática como eles são, num clube com a estrutura e com os grandes funcionários que tem, companheiros que hoje em dia estão na Europa triunfando. Recebi mensagens deles, são coisas mais importantes que os próprios troféus”.

A Baixada nunca esteve tão vazia. E a ausência da gente rubro-negra nunca foi tão sentida quanto na despedida de Lucho González. Que outros tempos tragam a oportunidade para o nosso povo estar presente e dizer: “Hasta siempre, Comandante”.

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